A Usiminas, codificada na Bolsa como USIM5, apresentou resultados financeiros desfavoráveis para o terceiro trimestre de 2023. Durante a teleconferência para discutir os resultados do período, realizada nesta sexta-feira (27), Marcelo Chara, o CEO da empresa, foi transparente ao expor as razões que contribuíram para o desempenho negativo da siderúrgica.
Chara destacou que a companhia planejava contratar 600 novos funcionários ao longo do ano, porém, a influência das importações forçou a empresa a rever seus planos. Além disso, houve o encerramento das atividades em um centro de serviços localizado na Região Metropolitana de São Paulo. “É preciso colocar um forte foco e atenção nas políticas de reindustrialização do país. É importante avançar nas reformas e no andamento no Congresso. E também nas políticas de contenção contra o comércio desleal”, enfatizou Chara, dirigindo-se aos analistas durante a teleconferência.
Desempenho das Ações e Posicionamento no Mercado
Contrastando com o prejuízo reportado, as ações da Usiminas experimentaram uma valorização superior a 4%, figurando entre os destaques positivos da Bolsa naquele dia, mesmo em um contexto de queda generalizada nos demais papéis do índice.
O CEO da Usiminas mencionou que países como México, Chile e Estados Unidos possuem barreiras de importação de 25% para o aço, uma estratégia de proteção à indústria local. Ele revelou que o Instituto Aço Brasil, entidade que representa as empresas do setor, tem conduzido esforços junto ao governo brasileiro para endereçar essa questão. “Isso é importante que seja resolvido no curto prazo para evitar impactos negativos no nível de atividade industrial do país, e que também impacta negativamente na geração de empregos industriais de alta qualificação”, acrescentou Chara.
O executivo ressaltou o desejo da empresa por uma competição justa, não por proteção, e sinalizou que 2024 será um ano de observação cautelosa quanto à dinâmica econômica do Brasil. Thiago Rodrigues, CFO da Usiminas, expressou uma visão positiva em relação à proposta de reforma tributária divulgada, mas mostrou-se apreensivo quanto às alterações propostas no Senado.
Imposto Seletivo e Competitividade Industrial
Um dos temas que suscita maior preocupação é o imposto seletivo, visto que sua aplicação em combustíveis e minerais pode afetar toda a cadeia produtiva industrial. “Quando se abre a possibilidade de colocar um imposto seletivo sobre combustíveis e minerais, isso pode impactar a cadeia industrial como um todo e é mais um fator que pesa na competitividade da indústria brasileira”, enfatizou Rodrigues.
Miguel Homes, vice-presidente comercial da Usiminas, compartilhou sua análise sobre o cenário internacional, apontando que siderúrgicas chinesas têm operado com margens negativas por vários trimestres. Ele antecipou que, mantendo-se altos os preços de matérias-primas como minério de ferro e carvão, pode haver um aumento nos preços do aço chinês no próximo mês, o que geraria reflexos positivos para a siderurgia global e brasileira.
Impacto nos Preços e Expectativas para o Futuro
Homes observou que o preço médio do aço no mercado interno em setembro ficou 4,5% abaixo da média do terceiro trimestre de 2023, uma variação que terá impactos ao longo do quarto trimestre, especialmente para o setor de distribuição e o mercado spot.
Para concluir, a Usiminas informou sobre o iminente reinício das operações do alto-forno 3 na siderúrgica de Ipatinga (MG), que passou por reformas programadas desde abril, impactando a produção da empresa. Esse retorno às atividades é aguardado com expectativa, pois representa um passo importante na retomada plena das operações e na busca por melhores resultados financeiros no futuro.