Uma competição acirrada está se desenrolando no mercado de compartilhamento de dados antifraude entre birôs de crédito e empresas de análise de dados, impulsionada por uma nova regra do Banco Central.
A estratégia dessas empresas é oferecer serviços gratuitos ou de baixo custo para que bancos e fintechs possam se adequar às novas regulamentações que entram em vigor em novembro. Posteriormente, elas planejam vender outros serviços de maior valor agregado.
A Nova Resolução do Banco Central
A Resolução nº 6 do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelece requisitos para o compartilhamento de dados de pessoas envolvidas em operações fraudulentas.
Isso resultará na criação de um ecossistema de compartilhamento de dados, onde todas as instituições financeiras serão obrigadas a contribuir com informações para consulta.
Isso representa tanto um desafio quanto uma oportunidade para bancos e instituições financeiras, bem como para birôs de crédito e empresas de análise de dados.
A Disputa por Preços e Serviços Complementares
A base de dados que será compartilhada é a mesma para todos os prestadores de serviços nesse mercado.
Portanto, o diferencial entre eles deve ser o preço e a capacidade de oferecer produtos complementares. Prevê-se uma competição intensa em relação aos preços básicos para consulta à base de dados.
Além disso, as empresas pretendem oferecer produtos adicionais, como análise de risco de fraude, análise de crédito e segurança de aplicativos, como parte do pacote.
Esse modelo de negócios visa atrair clientes e criar oportunidades de negócios adicionais além da simples consulta de dados antifraude.
Estratégias das Empresas no Mercado
Algumas empresas estão adotando diferentes estratégias para se destacar neste mercado competitivo. A B3, por exemplo, fechou uma parceria com a empresa de inteligência de dados Data Rudder.
A empresa planeja cobrar os clientes com base no volume de informações transacionado, mantendo margens reduzidas e oferecendo serviços adicionais, como pontuações de chave PIX e análises de risco.
A Boa Vista, por outro lado, planeja cobrar uma taxa para o envio de dados para a plataforma, mas oferecerá consultas à base gratuitamente para seus clientes.
A Serasa Experian planeja disponibilizar tanto o upload quanto a consulta de dados gratuitamente, enquanto oferece soluções adicionais aos clientes que identificarem riscos em suas consultas.
Consórcio e Certificações
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e outras oito entidades importantes do mercado financeiro e de fintechs formaram um consórcio com a Quod, uma empresa de soluções para o sistema financeiro.
A parceria visa simplificar os trâmites legais para a contratação dos serviços da Quod, embora as empresas ainda tenham liberdade para escolher fornecedores alternativos.
Algumas empresas que oferecem serviços de troca de dados antifraude defendem que novos concorrentes devem possuir certificações para garantir a segurança e a integridade dos dados.
O sistema será projetado com interoperabilidade, permitindo que todas as empresas contribuam e acessem a base de dados com segurança.