O recente e inesperado conflito em Israel, resultando em tragédias humanas, está repercutindo no mercado brasileiro de petróleo. Especialistas preveem movimentações temporárias nos valores globais do óleo, mas não acreditam em uma turbulência similar à provocada pela guerra na Ucrânia no começo de 2022.
Oscilações do Mercado e Previsões
Nos últimos tempos, os preços do crude se mantiveram numa faixa entre US$ 85 e US$ 95, refletindo uma estagnação no consumo. Nesse contexto, o general Joaquim Silva e Luna, ex-líder da Petrobras, comenta: “O consumo não tem evoluído”. Ele acrescenta que a produção russa manteve-se estável, contrariando algumas expectativas.
Com os acontecimentos recentes, o tipo Brent, um indicador chave, experimentou um aumento de 4,2%, chegando a US$ 88,15. Essa movimentação, que pode ser efêmera, teve impacto nas ações das companhias de petróleo listadas na B3, com algumas apresentando valorizações notáveis e contribuindo para a valorização do Ibovespa.
A despeito dos acontecimentos, ainda há uma sombra de incerteza sobre uma possível ampliação do conflito, envolvendo gigantes petroleiros como o Irã e a Arábia Saudita.
Um executivo influente no setor petrolífero expressou: “Minha impressão é que tudo não passará de mais volatilidade no curto prazo – a não ser que ocorra algum evento ‘fora da curva’”.
Petrobras e Seu Olhar Estratégico
Sob o comando de Jean Paul Prates, a Petrobras manifestou sua posição frente à situação. Mantendo-se vigilante quanto às tendências globais, Prates esclareceu:
“Não tem que fazer muito mais do que a gente está fazendo”. Ele enfatizou a postura da empresa de não fazer ajustes frequentes apesar das observações.
Análises e Contextualizações
Destacando a complexidade da situação, Adriano Pires, líder do Centro Brasileiro de Infraestrutura, expressou inquietação quanto à crescente influência do Irã no apoio ao Hamas.
Para ele, o maior temor reside na possibilidade do Irã bloquear o Estreito de Ormuz, potencialmente provocando uma crise global sem paralelos.
Reflexões Sobre Conflitos Passados
Contrastando com a guerra da Ucrânia, Silva e Luna ilustrou as diferenças do panorama atual. Na situação da Ucrânia, a Rússia, um dos maiores produtores de petróleo, estava no olho do furacão, lidando com possíveis sanções. O general ressaltou outros desafios que moldaram o mercado anteriormente, como a pandemia e desafios climáticos no Brasil.
Voltando sua atenção ao Oriente Médio, ele lembra que, apesar das tensões, nem Israel nem Palestina têm grande produção petrolífera.
A grande preocupação recai sobre o Irã e seu possível envolvimento mais profundo no conflito. Mesmo assim, Silva e Luna tem suas reservas: “Sinceramente não vejo o petróleo disparar por causa desse cenário [em Israel]”.
Lições da História Recente
Finalmente, o general traça paralelos entre eventos passados e atuais, como a Guerra do Yom Kippur em 1973. A comparação serve para ilustrar as variáveis distintas que moldam cada cenário. Adriano Pires, por sua vez, fez uma analogia com o segundo choque do petróleo em 1989.
Em suma, o mercado petrolífero brasileiro está atento aos desenvolvimentos no Oriente Médio, mas muitos profissionais da área veem as recentes flutuações como temporárias, salvo uma mudança significativa no cenário global.