O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, optou por manter a taxa de juros estável entre 5,25% e 5,5% ao ano, seguindo as expectativas do mercado financeiro.
De acordo com especialistas do setor, mesmo que ocorra um aumento nas taxas na última reunião do ano, em dezembro, os investidores já têm motivos para considerar a alocação atual como a melhor opção para obter renda em dólar. A perspectiva é de que esse cenário se mantenha estável no curto prazo.
A Visão de Eduardo Rahal
Eduardo Rahal, analista-chefe da Levante Investimentos, compartilhou sua visão sobre o atual cenário financeiro. “A renda fixa americana continua atrativa, entregando retornos interessantes em moeda forte, sendo uma alternativa aos investidores para fins de diversificação, sobretudo para aqueles que não possuem ou possuem baixa exposição a ativos dolarizados”, destacou ele.
Juros Altos por Mais Tempo
Rahal ainda ressaltou que a decisão do Fed levou os participantes do mercado financeiro a adiarem a expectativa de cortes nas taxas de juros para o segundo semestre do próximo ano, fortalecendo a perspectiva de juros altos por um período prolongado.
É importante lembrar que o patamar atual das taxas de juros é o mais alto dos últimos 15 anos. Esse aumento sucede um período de taxas extremamente baixas, uma resposta às consequências da crise financeira de 2008, que resultou em uma significativa redução das taxas e uma ampla injeção de liquidez no mercado.
O Futuro Incerto das Taxas de Juros
No entanto, há um crescente consenso entre os especialistas de que o cenário anterior de taxas baixas pode não se repetir tão cedo. “Entendemos que, talvez, o juro neutro nos EUA seja maior do que o mercado imagina e, portanto, em termos de alocação, preferimos aproveitar a assimetria na renda fixa em títulos mais curtos, até 3 anos, e com ratings de qualidade, de forma que o investidor se exponha a taxas atrativas com risco bastante reduzido”, explicou Rahal.
Marcos de Marchi, economista-chefe da Oriz Partners, sugeriu estratégias de investimento focadas em renda fixa, particularmente em ETFs que investem em ativos de maior rendimento, embora com riscos mais elevados. “Gostamos bastante dos ETFs que são atrelados aos papéis high yield que não são grau de investimento, mas possuem notas de crédito elevada. O rendimento está entre 9% e 9,5% ao ano. Considerando um prazo de três anos, a gente acha que é um investimento relativamente protegido”, avaliou Marchi.
O Que Esperar do Futuro
Com a recente onda de atividades econômicas nos EUA, o mercado começou a considerar uma possível recessão, aumentando as expectativas para mais um aumento nas taxas de juros neste ciclo. Thomas Simons, economista-sênior da Jefferies LLC, compartilhou sua perspectiva: “Será uma espécie de pausa agressiva. A economia vai bem e a inflação ainda não atingiu a meta. Eles mais ou menos têm que continuar a dizer que talvez precisemos aumentar as taxas mais uma vez”.
No comunicado oficial, o Fed reafirmou seu compromisso em trazer a inflação de volta à meta de 2%, destacando os desafios que as condições financeiras mais restritivas impõem às famílias e às empresas.
Oportunidades na Renda Fixa
Marco Bismarchi, sócio e gestor da Tag Investimentos, enxerga oportunidades na renda fixa, sugerindo investimentos em Treasuries com vencimentos mais longos e em crédito privado com horizontes de até sete anos. Segundo ele, os juros elevados atuais não são sustentáveis no longo prazo, e uma queda beneficiaria títulos com taxas mais altas.