O mercado financeiro e economistas renomados expressam dúvidas sobre as metas fiscais do governo para 2024. Em particular, a projeção de arrecadação adicional de R$ 168 bilhões no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) está sob intensa análise. Eles questionam se os valores propostos pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento são realmente atingíveis.
Projeções Otimistas
Jeferson Bittencourt da ASA Investments destaca que a proposta de R$ 168 bilhões em novas receitas é ambiciosa. Ele aponta para a estimativa de R$ 96,7 bilhões em receitas provenientes de acordos de renegociação de dívidas.
Comparando, ele menciona que em 2013 e 2014, “a conta chegaria a uma receita de pouco mais de R$ 60 bilhões”. O economista destaca a incerteza em obter uma receita 50% maior que essa soma em 2024.
Barreiras Políticas e Legislativas
Claudia Moreno, representante do C6 Bank, destaca que uma porção considerável das receitas planejadas pelo governo ainda aguarda sinal verde do legislativo.
Enquanto a meta de erradicar o déficit parece uma direção promissora, alcançá-la é, sem dúvida, uma empreitada intrincada e repleta de desafios.
Com base em sua análise, Moreno projeta que, mesmo com todos os esforços, ainda poderíamos ver “um déficit primário perto de 1% em 2023”, indicando a magnitude dos obstáculos que o governo precisa superar.
Divergência nas Previsões
A renomada XP Investimentos adota uma postura mais reservada em relação às projeções otimistas do governo. Em um relatório recente elaborado pela instituição, eles sugerem uma perspectiva mais conservadora, apontando para uma possível arrecadação de R$ 85 bilhões.
Esse montante está bem abaixo do que o governo antecipa. Além disso, eles salientam que certas medidas propostas, como as “transações em teses de alta controvérsia”, carregam um grau de incerteza significativo.
A XP Investimentos acredita que, dada a complexidade dessas medidas, pode ser prematuro contar com tais receitas sem um exame mais detalhado e crítico dos possíveis riscos e desafios associados.
Riscos para as Metas Fiscais de 2024
Três riscos principais são destacados pela XP Investimentos:
- Resistência política a medidas de aumento de arrecadação.
- Possibilidade de receitas efetivas abaixo das estimativas.
- Possível deterioração do cenário macroeconômico.
Opiniões de Especialistas
Ricardo Jorge da Quantzed reforça o ceticismo em torno das projeções de receitas. Ele destaca que “há muito ceticismo com esse número”. O especialista também aponta para a ausência de cortes de gastos, ressaltando as implicações para a sociedade e empresas.
Danilo Igliori da Nomad, por sua vez, sinaliza que a PLOA apresentada pelo governo é altamente dependente do crescimento expressivo das receitas. Ele enfatiza que “a economia tem que funcionar como o esperado em muitas frentes”.