Nos Estados Unidos, o candidato eleito é aquele que obtém o maior número de delegados. Enquanto no Brasil os resultados das eleições são geralmente divulgados no mesmo dia, nos EUA a apuração dos votos pode levar vários dias. Uma das razões para isso é que o país adota procedimentos diversos em cada estado.
No Arizona, por exemplo, os eleitores podem votar online, por correio, pessoalmente ou em endereços do programa de confidencialidade. Além disso, 14 estados utilizam urnas eletrônicas, conhecidas como DRE (Direct Recording Electronic).
Os estados também podem variar nos documentos exigidos, requisitos para diferentes métodos de voto e procedimentos de auditoria. Especialistas ouvidos pelo R7 destacam que a discrepância nas regras da estrutura eleitoral pode impactar a rapidez do resultado. Além disso, o horário de fechamento das urnas varia em todo o país.
Nesta terça-feira (5), o Secretário de Estado do Arizona, o democrata Adrian Fontes, anunciou que o resultado oficial das eleições presidenciais no estado só será conhecido entre 10 e 13 dias após a votação.
Em geral, esta pode ser a contagem mais demorada em comparação com as últimas três eleições no país. Em 2020, quando Joe Biden venceu as eleições, a votação foi em 3 de novembro e o resultado oficial saiu quatro dias depois, em 7 de novembro. Em 2016, quando Donald Trump foi eleito, a confirmação ocorreu no dia seguinte à votação.
Apesar da variação nos horários de encerramento das eleições por estado, resultados preliminares podem ser acompanhados durante a contagem.
Sete estados-chave, chamados estados pêndulos, serão cruciais para definir as eleições, pois são os que oscilam mais entre republicanos e democratas. São eles: Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada.
A especialista em relações internacionais Natali Hoff explica que, em comparação com o processo eleitoral brasileiro, o sistema americano pode ser considerado mais moroso, especialmente por adotar uma abordagem mais descentralizada.
Em contrapartida, o doutor em relações internacionais Igor Lucena enfatiza que a demora no processo está relacionada aos diferentes métodos de abordagem de cada estado.
Hoff destaca que as diversas formas de votação nos EUA permitem diferentes métodos de contagem dos votos, o que gera maiores desafios na auditoria e segurança do sistema eleitoral.
Apesar disso, Lucena afirma que não foram encontradas falhas significativas nos sistemas eleitorais dos Estados Unidos ou do Brasil.
Diferentemente do sistema eleitoral americano, as eleições no Brasil são organizadas pela Justiça Eleitoral, com divisões municipais, estaduais e federais. Para presidente, governadores, senadores e prefeitos, a regra determina a escolha por voto majoritário, ou seja, o candidato com mais votos válidos é eleito.
Nos Estados Unidos, a eleição não é direta, e não é garantido que o candidato com mais votos vença. O presidente é escolhido por delegados, que representam os estados nos colégios eleitorais.
Assim, cada estado é representado por uma quantidade específica de delegados, e o vencedor no estado leva todos os delegados. Por esse motivo, determinadas regiões são estratégicas, como Califórnia, Texas e Flórida, devido ao grande número de delegados.
A especialista Natali ressalta que o sistema do colégio eleitoral é uma forma contramajoritária e foi desenvolvido para evitar a supremacia dos grandes centros urbanos no processo eleitoral.
Em resumo, as diferenças nos sistemas eleitorais dos EUA e Brasil refletem em processos de contagem e divulgação dos resultados distintos em cada país.