Nesta segunda-feira, a gigante petrolífera brasileira, Petrobras, enfrentou uma notável desvalorização em suas ações. Durante o horário comercial, seus papéis ordinários declinaram 5,12%, atingindo R$ 38,72, enquanto seus ativos preferenciais caíram 5,55% para R$ 35,75.
Fatores Globais e Locais Impactam Ações
Embora o mercado global de petróleo também mostre uma tendência de queda, as razões para a desvalorização de Petrobras vão além. Apesar da instabilidade geopolítica recente envolvendo Israel e Hamas, o panorama interno brasileiro é o principal motivador da desvalorização.
Hulisses Dias, especialista em finanças, destaca que a atual proposta de mudança na Lei das Estatais é um fator crucial. Esta proposta visa remover certas restrições relacionadas à nomeação de administradores, uma medida que foi questionada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Essa alteração pode potencialmente permitir a nomeação de políticos para cargos executivos na empresa.
Dias expressou preocupações com a possível indicação de indivíduos mais alinhados com agendas políticas do que com habilidades técnicas. Ele lembra de períodos anteriores onde tal prática era comum e teme um retorno a tais dias.
Preocupações de Governança Corporativa
Bancos e instituições financeiras, como o Citi, também manifestaram suas preocupações. Eles acreditam que tais mudanças são retrocessos em termos de práticas de boa governança corporativa.
Recentemente, a Petrobras anunciou que seu Conselho está considerando uma revisão de sua política de nomeação de executivos. Essa revisão tem como objetivo remover restrições previstas na Lei nº 13.303/2016, que foram desafiadas no STF. Uma fonte, preferindo permanecer anônima, descreveu esta possível mudança como um “retrocesso terrível” e expressou surpresa pelo fato da empresa ter tomado essa direção antes de uma decisão final do STF.
Mudanças Propostas na Estrutura da Petrobras
Além disso, a empresa está considerando a criação de uma reserva especial de remuneração de capital. O Citi acredita que isso pode dar à Petrobras mais liberdade quanto ao pagamento de dividendos futuros.
Outra mudança busca definir que apenas conflitos de interesses explicitamente previstos em lei serão considerados ao nomear administradores. O banco Goldman Sachs vê isso como potencialmente problemático, pois pode abrir caminho para nomeações politicamente motivadas. No entanto, eles também reconhecem que a proposta reforça a aderência a políticas atuais.
Ações da Petrobras: Uma Análise Mais Ampla
Dias observou que, apesar da queda recente, as ações da Petrobras tiveram uma forte valorização neste ano. Ele ressalta que houve um aumento de mais de 20% em um curto período, justificando assim uma correção de mercado.
O Citi permanece cauteloso, mantendo uma recomendação neutra para as ações da Petrobras. Eles acreditam que a atual avaliação da empresa está alinhada com seus pares globais. No entanto, o Goldman Sachs tem uma visão mais otimista, mantendo uma recomendação de compra para os ativos da empresa.