O dólar permanece firme acima da marca de R$ 5 nos últimos quatro dias. Muitos especialistas concordam que é improvável que a moeda dos EUA desça abaixo desse valor no futuro próximo.
Enquanto prever movimentos cambiais é notoriamente desafiador, os eventos recentes sugerem que o dólar seguirá em ascensão, ao passo que o real brasileiro pode enfraquecer ainda mais.
Influências Externas Impulsionando o Dólar
Vários fatores internacionais estão impulsionando a força do dólar. Esta tendência foi amplificada após recentes movimentações do Banco Central dos EUA. Em 20 de setembro, o Federal Reserve optou por pausar o ajuste de taxas, mantendo-as no nível mais alto das últimas duas décadas.
No entanto, juntamente com essa pausa, o Fed intensificou sua retórica anti-inflação, a despeito do fato de a inflação estar bem longe de seu objetivo.
Por outro lado, a economia dos EUA continua a prosperar, apesar da recente política monetária restritiva.
“Isso colabora com a ideia de que o Fed não chegou a uma taxa terminal, vai precisar subir mais os juros e as taxas vão continuar elevadas por mais tempo”, destaca Felipe Izac da Nexgen Capital. “Isso fortalece a moeda americana frente a outras divisas mundo afora”.
Países Emergentes: Perdendo o Brilho para Investidores
Com as altas taxas de juros em economias mais robustas, os ativos brasileiros tornam-se menos atraentes para investidores estrangeiros, observa Haryne Campos, especialista na WIT Exchange. Esta dinâmica resulta em um enfraquecimento do real, levando à saída de capitais do Brasil.
Ela destaca: “Neste momento, os indicadores são de que o dólar se mantenha em um patamar mais elevado, uma vez que dificilmente o Fed deve afrouxar a política monetária e reduzir as taxas de juros”.
Muitos estão atentos aos próximos lançamentos econômicos dos EUA, particularmente dados importantes que serão divulgados em breve.
Por exemplo, o mercado estará observando atentamente os números de empregos que o Departamento de Trabalho dos EUA lançará em breve. O mercado de trabalho está sob o escrutínio do Fed, visto como uma fonte significativa de pressões inflacionárias.
Dinâmicas Internacionais e Domésticas Moldando o Câmbio
José Faria Junior, da Wagner Investimentos, expressa preocupações sobre a economia americana. Ele afirma:
“Nosso principal temor é a força da economia americana e o dado do Produto Interno Bruto [PIB] do terceiro trimestre, que vai ser divulgado em 26 de outubro e poderá surpreender o mercado”. É previsto um crescimento considerável, com o Federal Reserve de Atlanta projetando um PIB entre 5% e 6% para esse trimestre.
Faria Junior sugere que o cenário internacional é o principal motor por trás do fortalecimento do dólar, mas também destaca fatores internos. Diego Costa da B&T Câmbio esclarece que, com o final do ano se aproximando, o Brasil pode ver um aumento nas importações.
“Espera-se que, com a aproximação do final do ano, as importações feitas pelo Brasil voltem a ter maior aquecimento e que a demanda por moeda estrangeira aumente, gerando um fluxo diferente do que observamos no primeiro semestre”.
As notícias da China, nosso principal parceiro comercial, também são cruciais. Desenvolvimentos como a crise imobiliária chinesa e a falta de estímulos econômicos concretos pelo governo chinês afetam diretamente o Brasil. “Dado que a China é nosso principal cliente, notícias ruins por lá também afetam nossa economia”, explica.
Finalmente, uma gestão fiscal sólida e um planejamento eficaz são essenciais para a estabilidade econômica brasileira, conclui Izac, da Nexgen Capital.