No recente leilão na B3, São Paulo, o Paraná conseguiu garantir uma promessa de R$ 17 bilhões para o desenvolvimento de suas rodovias, marcando o segundo pacote de concessões rodoviárias do ano.
A vitória foi do Consórcio Infraestrutura PR, formado pelas corporações EPR e Perfin, com uma oferta marginalmente inferior ao preço inicial do pedágio em 0,08%.
Ausência de Grandes Nomes da Infraestrutura
Notavelmente, grandes empresas do setor de infraestrutura, como CCR e Ecorodovias, não participaram. Esta baixa participação gerou comentários por parte do governo, que espera mudar essa tendência nas próximas licitações.
“Nós sabíamos que seria um leilão de baixa concorrência devido ao alto investimento, mas estamos otimistas com a volta das concessionárias nos leilões da [BR] 381 e 040 [previstos para novembro e dezembro, respectivamente]”, mencionou o ministro do Transporte, Renan Filho.
Ele também ressaltou que está negociando com o TCU para renegociar contratos existentes, com o intuito de atrair mais concessionárias para futuros leilões.
Motivos de Não Participação de Algumas Grandes Empresas
Anteriormente ao leilão, Miguel Setas, CEO da CCR, havia expressado a decisão da empresa de não participar dessa rodada, citando razões regulatórias.
“A formulação das exigências regulatórias para esse investimento não nos dava garantia de uma rentabilidade adequada em relação ao risco”, afirmou Setas.
Focos dos Fundos de Investimento
Dada a ausência de grandes empresas do setor, os fundos de investimento tiveram uma vantagem notável.
Por exemplo, na primeira rodada, um consórcio formado pelo Pátria Investimentos e o Fundo Soberano da Arábia Saudita emergiu vitorioso com um compromisso de R$ 7,9 bilhões em projetos por três décadas.
José Carlos Cassaniga, líder do Grupo EPR, destacou a relevância das rodovias em questão. “Foram ativos que nos chamaram a atenção a importância das rodovias concedidas, por ter uma demanda de tráfego conhecida, há um histórico. Estudamos muito bem o ativo e tivemos a convicção de que poderíamos ser efetivos nesse contrato”.
Perspectiva do Mercado sobre Concessões
Uma fonte interna da indústria argumenta que os modelos de contrato atualmente oferecidos são mais atraentes para fundos de investimento, pois muitas vezes têm uma estratégia de aumentar o valor do ativo e vender antes do término da concessão.
A capacidade financeira desses fundos, em comparação com as concessionárias tradicionais, também é uma vantagem, principalmente quando as empresas procuram equilibrar seus ativos antes de assumir novos contratos.
Aline Klein, especializada no setor, salientou que muitas empresas estão repensando seus investimentos devido às consequências da pandemia. “Isso leva a uma maior seleção dos projetos em que vão aportar recursos”, opinou.
Detalhes do Lote Leiloado
O pacote leiloado promete R$ 10,8 bilhões em aprimoramentos para várias rodovias paranaenses, totalizando 605 km. Adicionalmente, R$ 6,5 bilhões estão alocados para custos operacionais durante os próximos 30 anos.
O lote é considerado atraente, principalmente devido à sua conexão estratégica entre áreas metropolitanas e o Porto de Paranaguá, vital para a exportação agrícola.