Os títulos de longo prazo do Tesouro dos EUA, também conhecidos como Treasuries, são marcos de referência no mundo dos investimentos globais. Recentemente, alterações nas taxas destes títulos repercutiram na economia brasileira, levando os especialistas a recalibrarem suas expectativas para o crescimento do principal índice da bolsa do Brasil, o Ibovespa, para este ano.
Análise de Especialistas sobre o Mercado Brasileiro
Uma pesquisa recente realizada pelo Bank of America (BofA) com 34 instituições gestoras na América Latina, divulgada na última quarta-feira, sinaliza uma expectativa revisada para o Ibovespa. Agora, projeta-se que o índice feche o ano entre 120 mil e 130 mil pontos, uma queda em relação à previsão anterior de setembro que era de 130 mil a 140 mil pontos.
Vários fatores influenciam esta revisão. Além das mudanças nas taxas dos Treasuries, a previsão de fortalecimento do dólar, junto com preocupações sobre o ritmo de crescimento da economia chinesa e a consequente demanda por commodities, são vistas como possíveis desafios para os mercados da América Latina.
Mudança na Estratégia de Investimentos
O cenário global incerto levou a um aumento na cautela entre os gestores de fundos. Como resultado, os fundos aumentaram seus níveis de caixa para 8% em outubro, um aumento em relação aos 7,5% de setembro. Vale destacar que ambos os números são consideravelmente mais altos que a média histórica de 5,1%.
Dentro deste contexto de incerteza, os gestores de investimentos têm mostrado uma clara preferência por ações consideradas de alta qualidade e com valor intrínseco. Setores como energia, financeiro e concessões públicas têm sido os favoritos. Em contraste, ações relacionadas ao consumo discricionário estão sendo menos priorizadas, estando “abaixo da média de mercado (underweight)”.
Perspectivas Futuras para o Mercado Brasileiro
Quando perguntados sobre o que poderia impulsionar um retorno robusto ao mercado de ações em 2024, 41% dos gestores acreditam que uma possível redução da taxa Selic para níveis próximos a 10% poderia ser o catalisador. Em suas projeções, a taxa de juros pode terminar seu ciclo de relaxamento em algum lugar entre 8,75% e 10,50%.
Em termos de expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, houve uma mudança positiva. Enquanto anteriormente 81% dos gestores acreditavam que o PIB fecharia este ano com um crescimento inferior a 2%, agora esse número caiu para 62%. Para o próximo ano, a maior parte acredita que o crescimento ficará entre 1% e 2%.
Interessante notar que as projeções dos gestores tendem a ser mais conservadoras do que as do próprio Bank of America. O BofA prevê um crescimento do PIB de 3% para este ano e 2,2% para 2024. Estas projeções também estão acima das estimativas do Relatório Focus do Banco Central.
De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, o mercado está otimista, esperando que o PIB cresça 2,92% este ano, uma previsão que se manteve constante por três semanas. A previsão para 2024 permaneceu em 1,50% por um mês.
Expectativas para a Moeda Americana
No que diz respeito ao futuro do dólar, a maioria dos gestores espera que ele oscile entre R$ 4,81 e R$ 5,10 até o final de 2024. Isso não representa uma mudança em relação às estimativas anteriores, divulgadas em setembro.