Javier Milei assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023, anunciando medidas radicais e impopulares de cortes nos gastos sociais para atender à demanda do mercado financeiro por um déficit zero nas contas públicas.
Em outras palavras, gastar apenas o que se arrecada.O presidente então propôs o seu Decreto de Necessidade de Urgência (DNU), a famosa Ley Omnibus e uma série de normativas que lhe conferiam o poder necessário para realizar os cortes. Enfrentou ainda manifestações em massa organizadas pelos maiores sindicatos do país.
No entanto, tudo o que conseguiu em sua empreitada foi uma redução de 5,1% do Produto Interno Bruto argentino no primeiro trimestre.Os dados divulgados nesta segunda-feira (24) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) da Argentina mostram que a queda de 5,1% no PIB no primeiro trimestre refere-se ao mesmo período de 2023.
Em comparação com o trimestre anterior (o último de 2023), o primeiro trimestre de 2024 teve uma queda de 2,6% no PIB, marcando a segunda baixa consecutiva e colocando oficialmente o país em uma situação de recessão técnica.
Em paralelo à atividade econômica em queda prolongada, o ajuste de Milei paralisou diversos setores que poderiam impulsionar a economia argentina.
O presidente suspendeu obras federais, repasses para as províncias e subsídios nas tarifas de água, luz, gás, transporte público e outros serviços essenciais.
O desinvestimento na educação e saúde também é digno de nota.A paralisação das obras federais e dos setores de infraestrutura pública resultou no fechamento de diversos estabelecimentos e, consequentemente, no aumento dos níveis de desemprego, que subiram de 5,7% no final de 2023 para 7,7% no primeiro trimestre.
Cerca de 300 mil novos desempregados surgiram nesse período.Segundo o Indec, a abordagem ultraliberal de Milei fez com que o consumo privado caísse 6,7% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O consumo público também diminuiu 5%. Com uma inflação acumulada de 276% e nesse cenário de atividade econômica estagnada, 41,7% dos argentinos vivem atualmente abaixo da linha da pobreza. O país conta com quase 47 milhões de habitantes.