A recente e significativa queda nas ações de duas grandes varejistas brasileiras, Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), tem gerado intensas discussões e análises entre investidores e especialistas do mercado financeiro. Os movimentos no mercado têm sido observados atentamente, e os relatórios de instituições financeiras renomadas, como o Goldman Sachs, se tornaram peças chave para entender o cenário.
A Influência das Taxas de Juros e a Preocupação com a Alavancagem
Apesar da redução das taxas de juros Selic pelo Copom, algo que, em teoria, poderia animar o mercado de ações e elevar as perspectivas de consumo, a grande preocupação recai sobre os níveis de alavancagem das duas empresas. As ações da BHIA3 apresentaram uma queda estrondosa de 80%, enquanto a MGLU3 sofreu uma baixa de 47% no ano, com quedas de 24% e 31% respectivamente, apenas no mês de outubro.
O Comportamento da Demanda e as Projeções para o Varejo de Bens Duráveis
O mercado de bens duráveis, setor essencial para ambas as empresas, mostrou-se volátil. Apesar do crescimento de 1% nas vendas no varejo de bens duráveis de janeiro a agosto, os dados mais recentes indicam uma piora na situação, com uma demanda ainda fraca e preços estáveis. Esta combinação cria um cenário desafiador para as varejistas.
Foco na Solidez do Balanço
Os analistas do Goldman Sachs destacam que o foco do mercado mudou novamente para a solidez do balanço das empresas. Há uma preocupação evidente com os níveis elevados de alavancagem financeira, que podem limitar a flexibilidade comercial e estratégica das varejistas até pelo menos 2025.
Magazine Luiza: Entre a Lucratividade e a Conquista de Mercado
O Magazine Luiza optou por focar na lucratividade ao invés de buscar uma maior participação de mercado no primeiro semestre de 2023. Isso ocorreu mesmo diante das dificuldades financeiras de um de seus principais concorrentes, a Americanas. A alavancagem financeira aparece como um grande obstáculo, limitando a capacidade da empresa de aproveitar oportunidades de mercado.
Casas Bahia: Estratégias para o Futuro e Desafios Atuais
A Casas Bahia, por sua vez, tem se concentrado na geração de caixa e na otimização de suas operações, enquanto lida com uma estrutura de capital que há tempos é motivo de atenção dos investidores. A empresa lançou uma oferta primária de R$ 620 milhões, parte de um plano mais amplo de transformação visando o crescimento sustentável a partir de 2025.
Preferência pelo Mercado Livre
Diante deste cenário, o Goldman Sachs vê o Mercado Livre como uma opção mais promissora, destacando a significativa alavancagem operacional e a flexibilidade que a empresa possui para investir e crescer. A expectativa é de que o Mercado Livre amplie sua participação no mercado online brasileiro, superando as concorrentes.