Nascida prematuramente em Gaza pouco antes do início da guerra, a bebê foi cuidada no Hospital Al Shifa enquanto ocorria a piora gradual da situação na região. Separada de sua família, que havia sido deslocada, ela foi levada para o Egito nesta segunda-feira, juntamente com a mãe e outros 27 recém-nascidos palestinos.

Lobna al-Saik, mãe da bebê, foi uma das poucas pessoas que acompanhou algumas das 28 crianças em um comboio de ambulâncias que saiu de um hospital no sul de Gaza com destino ao Egito, através da passagem fronteiriça de Rafah, em busca de tratamento médico.
“São crianças indefesas, bebês prematuros”, afirmou al-Saik, exausta, em uma entrevista em vídeo divulgada pelo governo do Egito. Ela enviou uma mensagem de apelo ao mundo: “Chega, é o suficiente”.
A equipe médica de Rafah, no Egito, foi registrada em imagens da televisão egípcia realizando um procedimento cuidadoso: retirando bebês de ambulâncias palestinas e colocando-os em incubadoras móveis. Essas incubadoras foram, então, transportadas por um estacionamento em direção às ambulâncias egípcias.
No domingo, um grupo de bebês foi transferido do Hospital Al Shifa, localizado na sitiada cidade de Gaza, para uma maternidade em Rafah. Os pequenos estavam vestindo apenas fraldas e pequenos chapéus verdes e foram encaminhados para hospitais no Egito.
“Segundo o Dr. Rick Brennan, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS), dos 31 pacientes, aproximadamente 11 ou 12 estão em estado crítico, e todos os demais apresentam doenças graves”, declarou em entrevista à Reuters no Cairo.
“Todos eles estão sofrendo de infecções graves, e alguns deles têm uma baixa temperatura corporal, o que significa que eles realmente necessitam de cuidados especializados detalhados”, explicou.
De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi relatado que 12 bebês foram transportados de avião para o Cairo.
O caso dos recém-nascidos tem se tornado uma questão de interesse global, desde o momento em que surgiram imagens, há uma semana, deles deitados em camas lado a lado no Hospital Al Shifa, em meio à falta de eletricidade causada pelo ataque militar de Israel à Cidade de Gaza.
Quando os médicos do hospital Al Shifa emitiram um aviso, havia 39 bebês em situação crítica. Infelizmente, desde então, oito deles não resistiram e faleceram.
“A história de al-Saik e sua filha desconhecida trouxe à tona alguns dos primeiros elementos pessoais sobre as crianças.”
De acordo com Al-Saik, sua bebê estava recebendo oxigênio em Al Shifa devido a complicações respiratórias decorrentes de um nascimento prematuro, pouco antes do início da guerra.
No terceiro dia do conflito, a família decidiu deixar sua residência para fugir dos ataques aéreos israelenses. Assim como milhares de outras pessoas, al-Saik e seus três filhos se mudaram para o sul da Faixa de Gaza em busca de segurança, deixando a menina para trás em Al Shifa.
Devido à falta de eletricidade, água, medicamentos e outros bens essenciais, a situação em Al Shifa piorou consideravelmente, resultando na perda de peso e doença da criança.
“Devido à falta de leite, a sua condição piorava a cada dia, regressando ao estado inicial em que precisava de oxigénio para sobreviver”, afirmou al-Saik.
Uma mãe teve um emocionante reencontro com sua filha em Rafah, porém, para acompanhá-la até o Egito, foi obrigada a deixar seus outros filhos para trás em Gaza.