A Lojas Renner (LREN3) enfrentou desafios no primeiro trimestre devido ao ambiente macroeconômico e ao clima, resultando em uma queda de 75,6% no lucro líquido, para R$ 46,8 milhões. No trimestre anterior, a empresa já havia sofrido impactos com a Copa do Mundo e o clima mais frio.
A inadimplência elevada das famílias e um erro na estratégia de troca de coleção, que resultou na redução de itens de meia estação e no lançamento antecipado de peças de inverno, também afetaram o desempenho da empresa. Além disso, o mês de março teve temperaturas mais altas do que o esperado pela empresa.
O resultado foi um crescimento de vendas de apenas 2,2%, alcançando uma receita líquida de varejo de R$ 2,28 bilhões. A margem de operação também diminuiu, passando de 55,1% para 54,1%, devido à necessidade de maiores descontos e dificuldades em movimentar a coleção outono-inverno.
Entre as marcas do grupo, a Renner teve o pior desempenho, com a margem caindo 1,3 ponto percentual para 54,1%. Enquanto isso, a Youcom apresentou uma margem de 60,2%, um aumento de 1,7 ponto percentual, e a Camicado, 50,3%, uma alta de 1,8%.
Inadimplência continua a ser um desafio para serviços financeiros
A operação da Camicado é uma das preocupações destacadas no balanço da Lojas Renner, já que a unidade de casa e decoração registrou queda de 14,6% na receita líquida no primeiro trimestre de 2023.
De acordo com a empresa, o segmento de Home & Decor enfrenta um ambiente macroeconômico desafiador, com alta inflação e endividamento elevado das famílias.
A Camicado encerrou 13 unidades durante o trimestre em linha com a avaliação da rentabilidade de suas operações, o que impactou negativamente as vendas. No entanto, a empresa espera que as demais lojas possam absorver essas vendas com maior rentabilidade no futuro.
Rede Camicado fecha lojas em ajuste da empresa-mãe Renner
No trimestre, o braço de serviços financeiros da empresa teve resultado negativo de R$ 10,3 milhões em comparação com o lucro de R$ 85,2 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. Isso se deveu ao aumento das provisões para perdas por inadimplência, que cresceram 107% para R$ 346,8 milhões.
Além disso, a carteira de crédito da companhia alcançou R$ 6,15 bilhões, com aumento nos vencimentos de 22,1% no primeiro trimestre do ano anterior para 28,3%, enquanto o índice de perda líquida aumentou de 3,5% para 5,6%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da Lojas Renner considerando a operação consolidada de varejo e serviços financeiros foi de R$ 251,8 milhões, o que representa uma queda de 34,3% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior.
As provisões para perdas foram o principal fator negativo para o resultado da empresa, juntamente com despesas adicionais de baixa de ativos de R$ 16 milhões (R$ 10,6 milhões líquidos de impostos). A empresa encerrou o trimestre com posição de caixa de R$ 2,76 bilhões e endividamento bruto de R$ 2,39 bilhões.