A atual situação fiscal do país impõe desafios significativos para várias instituições públicas. Com mais de 90% das despesas do governo federal comprometidas com gastos obrigatórios, pouco resta para investimentos ou mesmo para a manutenção da máquina pública. Este cenário impacta negativamente serviços essenciais prestados à população, que agora enfrenta dificuldades crescentes devido à limitação de recursos financeiros disponíveis.
Entre os setores mais afetados estão as agências reguladoras, universidades federais, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e as Forças Armadas. Essas instituições são responsáveis por garantir o funcionamento adequado de áreas cruciais para a sociedade e para o desenvolvimento econômico, mas enfrentam cada vez mais desafios para manter sua operação dentro dos limites orçamentários. As restrições fiscais impostas ao orçamento já chegaram a um congelamento de R$ 31,3 bilhões.
Especificamente, esse bloqueio representa 14,1% da verba discricionária e pode aumentar devido à derrubada do decreto que visava elevar a arrecadação pelo Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Sem uma revisão estrutural, analistas temem um possível apagão nos serviços públicos. As consequências são visíveis nas atividades das agências reguladoras como Anatel e ANM, que agora enfrentam dificuldades para executar funções básicas ligadas à segurança, fiscalização e inovação.
O impacto do ajuste fiscal nas instituições públicas
O orçamento encolhido para 2023 levou a cortes profundos em diversas agências reguladoras, gerando preocupações sobre segurança e eficiência operacional. As agências enfrentam reduções de verba que afetam não apenas suas operações correntes, mas também a capacidade de inovarem e melhorarem seus serviços. Isso resulta em um potencial aumento de custos e uma diminuição na qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, segundo especialistas da área econômica.
Por exemplo, a Anatel, que regula as telecomunicações no país, teve que adiar projetos vitais relacionados ao combate à pirataria e à desinformação. Já a ANM, responsável pela fiscalização de mineração, vive no limite de suas capacidades, comprometendo a segurança das atividades do setor mineral. Sem recursos adequados, a agência mal consegue manter a fiscalização de atividades de risco como a monitoragem de barragens. Especialistas alertam para um “vácuo” na proteção do consumidor diante de um enfraquecimento das agências.
A situação não é diferente nos setores de energia e aviação. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) relata possíveis paralisações em atividades essenciais, o que já levanta preocupações internacionais sobre a segurança aérea no Brasil. A redução de investimentos e fiscalização pode também impactar negativamente o controle e qualidade dos combustíveis no setor de petróleo, além de diminuir a capacidade de manutenção e previsão de serviços essenciais, como o monitoramento de estações de água e saneamento.
Características do ajuste fiscal
- Redução drástica de verbas não obrigatórias
- Impacto direto em serviços prestados à população
- Necessidade de reforma estrutural das despesas públicas
- Enfraquecimento da fiscalização e regulação de setores essenciais
Benefícios e desafios do ajuste fiscal
Embora o ajuste fiscal seja uma resposta necessária ao desequilíbrio das contas públicas, seus desafios são notórios. Os benefícios esperados incluem uma maior sustentabilidade fiscal a longo prazo, mas isso não deve vir à custa de um enfraquecimento das instituições. É essencial que haja uma reestruturação que permita um gerenciamento mais eficiente das finanças públicas, garantindo o suporte necessário às instituições para o cumprimento de suas funções básicas e essenciais.
Ajustes apropriados podem ajudar na manutenção da confiança internacional no Brasil como um lugar seguro e amigável para investimentos. Isso é crucial para setores como aviação, telecomunicações e mineração, que dependem de recursos contínuos para inovação e segurança. Outro benefício potencial é a liberação de recursos futuros para infraestrutura, tecnologia e áreas essenciais que beneficiem a população e a economia em geral.
No entanto, o caminho é complexo. Os desafios incluem não apenas a adequação dos gastos obrigatórios, mas também a implementação de uma política de austeridade que não sacrifica a qualidade e a eficácia dos serviços públicos. Outro ponto crítico é o investimento em tecnologia para modernizar o aparato estatal e tornar a gestão mais eficiente, algo que pode ser feito sem retirar valor de serviços essenciais.
- Busca de sustentabilidade fiscal
- Reestruturação das despesas para melhor eficiência
- Manutenção da confiança nacional e internacional
- Desafios na implementação de políticas de austeridade