No segundo dia do seminário “Combate à Desinformação e Defesa da Democracia,” especialistas e representantes de diferentes áreas discutiram estratégias cruciais para enfrentar a crescente ameaça da desinformação à sociedade.
Eles enfatizaram a importância da educação digital, do investimento em jornalismo de qualidade, da necessidade de regulação adequada e da conscientização dos cidadãos para combater eficazmente a disseminação de notícias falsas e, assim, proteger a democracia.
Investindo em Jornalismo de Qualidade para Enfrentar a Desinformação
Mayara Stelle, cofundadora da organização Sleeping Giants Brasil, destacou a necessidade premente de direcionar recursos financeiros para apoiar o jornalismo de qualidade.
Ela argumentou que seria benéfico redirecionar o dinheiro que atualmente é destinado à publicidade em sites de desinformação para veículos de informação confiáveis.
Isso fortaleceria o ecossistema de notícias de qualidade e, ao mesmo tempo, combatendo a desinformação.
Stelle enfatizou que a desinformação se tornou um modelo de negócios altamente lucrativo. Segundo um estudo do Global de Desinformação (GDI) de 2020, a “indústria desinformativa” gerou um lucro impressionante de US$ 235 milhões em publicidade online em 2019.
Ela destacou que algumas empresas patrocinam conscientemente a desinformação, enquanto outras podem não estar cientes do que estão financiando.
Regulação e a Necessidade de Limites para a Liberdade de Expressão
O professor Edgar Rebouças, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), ressaltou a necessidade premente de regulamentar as plataformas de internet, bem como a mídia tradicional, em resposta à disseminação da desinformação.
Ele argumentou que a desinformação não só levanta questões sobre a regulamentação das plataformas digitais, mas também reacende o debate sobre a regulação da mídia tradicional e a importância de promover um jornalismo de qualidade.
Rebouças também destacou a necessidade de estabelecer limites para a liberdade de expressão, mesmo que ainda não haja consenso sobre esse assunto.
Ele observou que a qualidade do jornalismo tem sido comprometida desde a eliminação da obrigatoriedade do diploma para jornalistas em 2009, resultando em uma queda na qualidade da informação veiculada.
Educação Digital: Capacitando Cidadãos Contra a Desinformação
Gustavo Borges, professor da Universidade Estadual de Santa Catarina (Unesc), enfatizou a importância de políticas públicas de educação digital.
Ele destacou que a maior parte da desinformação é disseminada por meio de robôs que amplificam informações incorretas, tornando-as mais credíveis.
Portanto, para enfrentar esse desafio, é essencial promover a educação digital, capacitando os cidadãos a identificar e combater a desinformação.
Borges também defendeu a implementação de um código de conduta abrangente em relação à desinformação, semelhante ao adotado na Europa.
Esse código incluiria medidas como a desmonetização de sites que disseminam desinformação, transparência na propaganda política e a capacitação de usuários e pesquisadores na verificação de fatos.