Nos últimos dias, o mercado de câmbio tem sido marcado por turbulência, com o dólar atingindo máximas desde março e se aproximando da marca de R$ 5,20.
Esse movimento é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a preocupação com a possibilidade de taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, o que reduz a atratividade de investimentos em países emergentes como o Brasil, além da queda nos preços das commodities.
A XP Ajusta Suas Projeções
Em resposta a essas mudanças recentes, a equipe de economistas da XP ajustou suas projeções para a taxa de câmbio no curto prazo. Eles aumentaram a previsão para o dólar de R$ 4,70 para R$ 5,10 para o final de 2023, levando em consideração o movimento recente do mercado.
No entanto, eles mantêm a visão de que a taxa de câmbio compatível com os fundamentos econômicos, ou seja, o “valor estrutural,” estaria na faixa entre R$ 4,50 e R$ 5,00.
Olhando para horizontes mais distantes, a XP projeta que o dólar alcance R$ 4,85 no final de 2024 e R$ 5,00 no final de 2025. Eles enfatizam que o câmbio real está desvalorizado em termos históricos e que essa desvalorização reflete a realidade econômica do país.
Em relação às políticas de juros, a XP acredita que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, deve continuar aumentando as taxas de juros em 0,25 ponto percentual ainda este ano, devido aos riscos relacionados à inflação e ao aumento dos preços internacionais dos combustíveis.
No cenário doméstico, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro reduza a taxa Selic em 0,50 ponto percentual a cada reunião até maio de 2024, chegando a uma taxa de 10% ao ano.
Essa política restritiva é vista como necessária para compensar os efeitos da política fiscal expansionista e garantir que a inflação converge para a meta estabelecida.
Balando Comercial Favorável
A XP destaca que o saldo comercial brasileiro continua registrando superávits históricos, impulsionado pelo aumento das exportações, especialmente de produtos primários, e pela queda nas importações, principalmente de bens intermediários.
Essa forte performance na balança comercial levou a uma revisão das projeções de déficit em conta corrente, que agora é estimado em US$ 37,5 bilhões (1,7% do PIB) no final de 2023, abaixo das projeções anteriores de US$ 45,0 bilhões (2,1% do PIB).
Perspectivas para o Real
Enquanto a XP passou a ver o real mais desvalorizado no final deste ano, a equipe econômica do Bradesco mantém sua projeção de que o real encerrará 2023 a R$ 4,80 e 2024 a R$ 4,90.
Eles estão otimistas com as perspectivas para 2024, devido ao desempenho favorável da balança comercial, sustentado pelas exportações de commodities, como petróleo e produtos agrícolas.
Em um cenário global de fortalecimento do dólar, os fundamentos econômicos brasileiros devem apoiar o real, embora o atual contexto possa limitar a valorização da moeda brasileira.
Desde 2020, o real sofreu uma desvalorização significativa em relação ao dólar, mas desde julho de 2023, o dólar subiu em relação a outras moedas, devido ao crescimento robusto nos EUA, taxas de juros mais altas e incertezas em outras economias.