Na última quinta-feira, o dólar apresentou uma queda em relação ao real. Foi um dia de retorno do feriado e o mercado local estava calmo, com os investidores analisando os dados mistos vindos dos Estados Unidos no dia anterior, ao mesmo tempo que consideravam a possibilidade de adiamento das discussões sobre alteração da meta fiscal pelo governo.

No horário de 10:04 (horário de Brasília), o dólar estava sendo vendido a 4,8615 reais, apresentando uma ligeira queda de 0,03%.
Às 10:04 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento apresentava uma queda de 0,07% na B3, cotado a 4,8695 reais.
No pregão de hoje, o mercado brasileiro não contou com grandes impulsionadores e dedicou-se a analisar os dados econômicos divulgados pelos Estados Unidos na quarta-feira passada, já que não houve negociações no Brasil devido ao feriado da Proclamação da República.
De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, as vendas no varejo nos Estados Unidos registraram uma queda de 0,1% no mês passado. Essa cifra ficou abaixo das expectativas dos economistas consultados pela Reuters, que previam uma queda mais acentuada, de 0,3%. Essa notícia impulsionou o dólar durante a quarta-feira, uma vez que os investidores interpretaram a resiliência da maior economia do mundo como um possível motivo para o Federal Reserve adiar quaisquer cortes nas taxas de juros.
“Contudo, o economista da CM Capital, Matheus Pizzani, afirmou que essa interpretação não possui a força necessária para mudar o otimismo recente do mercado internacional em relação à política monetária do Fed.”
“Pizzani avaliou que, apesar de ter superado as expectativas, o dado ainda foi negativo, o que indica uma contração do consumo nos EUA. Além disso, o índice de preços ao produtor se mostrou mais relevante do que os dados de vendas no varejo.”
Na quarta-feira, foi divulgado um relatório independente pelo Departamento do Trabalho dos EUA, revelando uma queda de 0,5% nos preços ao produtor em outubro deste ano. Essa queda é a maior registrada desde abril de 2020.
Na terça-feira, os dados de inflação ao consumidor nos EUA foram mais fracos do que o esperado, e agora, com os números do índice ao produtor também indicando um arrefecimento dos custos, o mercado está cada vez mais apostando que o Fed não fará novos aumentos de juros. Isso tem levado os investidores a preferir ativos mais arriscados e rentáveis, como as moedas de países emergentes.
Embora o ambiente externo esteja favorável, Pizzani não acredita que o movimento de valorização do real seja sustentável até o final deste ano. Ele aponta para tendências de desaceleração econômica no Brasil e redução da taxa Selic, o que diminui o atrativo dos investimentos em renda fixa no mercado interno.
Após as discussões sobre uma possível mudança na meta de resultado primário para o próximo ano, a confiança dos investidores foi abalada em relação à pauta fiscal. De acordo com o economista, a visão predominante ainda é negativa, mas o pessimismo do mercado tem sido mitigado pela aparente determinação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em equilibrar as contas públicas.
“Haddad demonstrou resiliência ao reafirmar isso em seus discursos e está comprometido com a estratégia de meta zero. Mesmo que haja uma possível alteração na meta, é encorajador ver que o ministro da Fazenda está empenhado em equilibrar as contas no próximo ano, com uma abordagem mais cuidadosa em relação às medidas para aumentar a arrecadação”, afirmou Pizzani.
Nesta quinta-feira, Haddad expressou seu apoio à ideia de que o Congresso se dedique intensamente durante o restante do ano para aprovar medidas que aumentem a arrecadação e proporcionem um ambiente favorável ao relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024.
Na última terça-feira, o dólar à vista encerrou a sessão com uma queda de 0,91%, sendo vendido a 4,8631 reais.