O dólar, uma das moedas mais influentes do mundo, tem sido objeto de atenção nos mercados globais. Recentemente, o real brasileiro surpreendeu ao ganhar força em relação ao dólar, enquanto a tendência global era oposta.
Exploraremos os fatores por trás desses movimentos cambiais e o que os investidores podem esperar com as próximas decisões do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central do Brasil.
Real Brasileiro Fortalecido: Uma Exceção ao Trend Global
Enquanto muitas moedas pelo mundo desvalorizavam em relação ao dólar, o real brasileiro conseguiu se valorizar. Isso ocorreu principalmente devido ao aumento nos preços das commodities, como petróleo e minério de ferro, o que melhorou a balança comercial do Brasil.
Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury, destaca que a recuperação do sentimento global, impulsionado pelo otimismo em relação à economia chinesa, contribuiu para a queda do dólar. Tanto dados financeiros quanto dados concretos indicam uma perspectiva mais positiva.
Expectativas em Relação às Decisões do Federal Reserve
A expectativa é que o Federal Reserve mantenha suas taxas de juros inalteradas na faixa de 5% a 5,25%. No entanto, os investidores estão ansiosos para ouvir as sinalizações da autoridade monetária dos Estados Unidos.
A Ebury acredita que o Fed manterá as taxas estáveis, indicando que seu ciclo de aperto monetário terminou. No entanto, o tom adotado pelo Fed pode variar. É possível que deixem a porta aberta para futuros aumentos das taxas, mantendo a incerteza no mercado.
Dólar em Contexto Global
O DXY, que mede a força do dólar em relação a outras moedas de países desenvolvidos, registra uma queda de 0,05% por volta das 16h. Apesar disso, o valor ainda se mantém próximo das máximas desde outubro do ano anterior.
O fortalecimento global do dólar se deve ao aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (treasuries yields), influenciado por dados econômicos mais fortes no país. Essa situação pode levar o Fed a adotar uma postura mais “hawkish”, com aumentos nas taxas de juros.
Impacto nos Mercados de Câmbio e Carry Trade
O Brasil, apesar do aumento dos preços do petróleo, observa o diferencial de juros em relação aos EUA. Espera-se que o Banco Central brasileiro reduza a taxa Selic em 50 pontos-base, para 12,75%.
Por outro lado, os EUA podem aumentar suas taxas de juros, o que afeta o chamado “carry trade”. Essa estratégia envolve investidores pegando empréstimos nos EUA (ou outros países com taxas de juros mais baixas) e investindo no Brasil. Se o diferencial de juros diminui, essa estratégia se torna menos atraente.
Antecipação dos Mercados e Sinalizações do Banco Central Brasileiro
Os mercados já se anteciparam ao possível aumento do diferencial de juros. Agora, a atenção se volta para as sinalizações do Banco Central do Brasil.
As reações do câmbio podem depender das indicações de que o BC acelerará ou não o ritmo de flexibilização. Moutinho, da Ebury, destaca que os mercados podem estar subestimando o ciclo de cortes de juros devido ao crescimento resiliente e surpresas positivas nos índices de preços.