Na última sexta-feira, o mercado financeiro presenciou uma reviravolta na cotação do dólar. Após uma queda significativa de mais de 1% pela manhã, a moeda estadunidense ganhou força no período da tarde, fechando o dia com uma valorização expressiva frente ao real. Esse movimento ascendente foi influenciado por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que trouxe incertezas em relação às metas fiscais do governo.
Desempenho do Dólar à Vista e Futuro
O dólar à vista encerrou o pregão cotado a R$ 5,0132, apresentando uma valorização de 0,44%. Apesar disso, a moeda norte-americana registrou uma desvalorização de 0,38% ao longo da semana. No ambiente da B3, até as 17:35 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) seguia essa tendência positiva, subindo 0,52% e sendo negociado a R$ 5,0175.
Influência do Cenário Internacional
A manhã começou com dados econômicos positivos dos Estados Unidos, impulsionando o apetite dos investidores por ativos de maior risco. O núcleo do índice de preços PCE, uma das principais referências para a política monetária do Federal Reserve, apresentou um crescimento de 0,3% em setembro, alinhado às expectativas do mercado. Esses números indicavam uma inflação mais moderada nos EUA, o que contribuiu para a desvalorização do dólar em âmbito global e permitiu que a moeda brasileira atingisse sua cotação mínima de R$ 4,9315 (-1,20%) às 10h25.
Mudança de Cenário com Declarações de Lula
No entanto, o cenário se alterou drasticamente à tarde, após o presidente Lula compartilhar suas visões sobre a meta fiscal para 2024 em um encontro com jornalistas no Palácio do Planalto. “Nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque não quero fazer cortes em investimentos de obras”, afirmou Lula, gerando inseguranças no mercado quanto à capacidade do governo de alcançar o resultado primário zero. Essas declarações provocaram uma virada no mercado de câmbio, com o dólar atingindo novas máximas frente ao real e os investidores precificando um maior risco fiscal no Brasil.
Análises de Especialistas e Impacto no Mercado
José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos, ressaltou que um dólar na faixa de R$ 4,95 já era considerado atrativo para compradores da moeda. Por outro lado, analistas como Laís Costa, da Empiricus Research, expressaram preocupação com a tendência fiscal do país e o compromisso do governo com o equilíbrio das contas.
Cenário Externo e Atuação do Banco Central
Apesar das turbulências internas, o dólar mostrava sinais de estabilidade frente a outras moedas principais e exibia comportamento misto em relação a divisas de mercados emergentes e países exportadores de commodities. O índice do dólar, que compara a moeda norte-americana a um grupo de seis outras divisas importantes, operava estável a 106,570.
Na parte da manhã, o Banco Central atuou no mercado de câmbio, vendendo todos os 4.010 contratos de swap cambial tradicional oferecidos, visando a rolagem dos vencimentos de dezembro.