A Copasa, importante empresa de saneamento do estado de Minas Gerais, está em uma corrida contra o tempo para atingir as exigências estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento. O novo marco regulatório determina que até 2033, o país deve alcançar 99% de cobertura de água tratada e 90% de coleta e tratamento de esgoto. Enquanto isso, a empresa também busca manter sua reputação como uma boa pagadora de dividendos, anunciando a distribuição de R$ 128 milhões em juros sobre capital próprio referentes ao terceiro trimestre deste ano.
A Balança Entre Investimentos e Proventos
A Copasa é reconhecida por sua política generosa de pagamento de proventos, destinando 50% de seu lucro líquido aos acionistas. Por outro lado, a empresa planeja investir R$ 8,7 bilhões até 2027 para atender às metas de saneamento. Só até setembro deste ano, R$ 1,2 bilhão já foram aplicados em investimentos. Guilherme Augusto Duarte de Faria, CEO da Copasa, em entrevista ao programa “Por Dentro dos Resultados” do InfoMoney, expressou confiança na capacidade da empresa de equilibrar essas duas frentes, cumprindo o plano de investimentos e remunerando os acionistas dentro da política atual.
Estabilidade Financeira e Perspectivas de Privatização
Faria destacou a estabilidade financeira da Copasa, mesmo diante de desafios como a pandemia, quando a inadimplência atingiu 7%. Atualmente, esse índice gira em torno de 3%. A empresa também está na lista de estatais mineiras que podem ser privatizadas, uma iniciativa do governador Romeu Zema. Faria explicou que, por enquanto, a administração da Copasa não se envolve diretamente no tema, mas reconhece que a privatização poderia trazer benefícios, como a renovação de concessões e a expansão dos serviços de esgoto.
Expansão dos Serviços e Benefícios aos Acionistas
Investir na expansão de ativos é uma prioridade para a Copasa, visando não apenas cumprir as metas de saneamento, mas também remunerar melhor seus acionistas. Atualmente, a empresa possui 39,4% de cobertura de água e quase 80% de esgoto coletado e tratado, percebendo um grande potencial de crescimento e geração de receitas. “O esforço de acelerar é benéfico para todos e nosso plano de investimentos suporta isso”, afirma Faria, ressaltando que a natureza estatal da companhia apresenta seus desafios.
Resultados Financeiros e Perspectivas Futuras
A Copasa superou as expectativas no terceiro trimestre de 2023, com uma receita líquida de R$ 1,62 bilhão, um crescimento de 17,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro líquido também impressionou, alcançando R$ 437,1 milhões, um aumento de 92,4%.
No entanto, o aumento nos custos, principalmente com energia, foi um ponto de atenção. Faria assegurou que a gestão de energia está sob controle e mencionou a transição gradual para fornecedores de energia do mercado livre, com metade do fornecimento projetado para vir de fontes alternativas já no próximo ano.
A Inflação e o Impacto nos Custos
Em relação ao cenário macroeconômico, Faria comentou sobre os benefícios dos juros mais baixos, que permitiram a captação de R$ 900 milhões via debêntures, e destacou o equilíbrio entre inflação, custos e receitas. “Nossos custos são atrelados ao IPCA e a receita também. Em tese, as duas coisas deveriam se compensar”, concluiu o CEO, indicando um controle maior sobre os custos da empresa, um ponto crítico destacado pelos analistas no último balanço financeiro da Copasa.