Com a posse recente da ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, como presidente do banco do BRICS, muitas pessoas passaram a se questionar sobre a relevância desse grupo.
Os cinco países emergentes no desenvolvimento econômico – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – formaram o BRICS não como um bloco econômico formal, mas sim como uma união de nações que compartilham uma situação econômica semelhante, incluindo fatores como índices de desenvolvimento e questões de mercado.
Diante disso, é preciso entender qual é o propósito do BRICS e qual a sua importância no futuro desses países.
Conheça os BRICS:
Em 2001, o economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil, propôs a formação de um grupo de países emergentes com base em seu desenvolvimento econômico, que se tornou conhecido como BRICS, abreviatura em inglês de Brasil, Rússia, Índia, China e, posteriormente, África do Sul.
Em 2006, os ministros das Relações Exteriores dos quatro países se reuniram em Nova York, marcando o início simbólico do BRICS.
Desde então, ele se estabeleceu como uma categoria de análise em meios financeiros, empresariais e acadêmicos, sendo considerado um bloco econômico de peso.
Entre 2003 e 2007, os países do BRICS foram responsáveis por 65% do crescimento do PIB mundial, superando os Estados Unidos e a União Europeia. Em 2010, a economia dos países do BRICS representava 18% da economia mundial.
O objetivo principal do grupo é promover o desenvolvimento econômico de seus países-membros. Para isso, o BRICS criou um banco de reservas financeiras destinado a ajudar as economias participantes em dificuldades. Além disso, os países comprometeram-se a fortalecer suas economias e cooperar entre si.
Características do BRICS:
Atualmente, os países que compõem o Brics são as principais economias emergentes do mundo. De acordo com os dados mais recentes do Banco Mundial, a soma do PIB dos países do bloco equivale a 25,6% do PIB mundial, totalizando 24,7 trilhões de dólares.
A China é a maior economia do grupo, representando 71% do seu PIB, com um valor de 17,7 trilhões de dólares.
O comércio internacional dos países do Brics corresponde a cerca de 20% do fluxo mundial de mercadorias. Essas economias emergentes são importantes exportadoras de matérias-primas, como soja, petróleo e minérios de ferro, além de produtos industrializados, como automóveis, equipamentos eletrônicos, circuitos integrados e serviços diversos.
Itens Principais dos blocos:
Cada país do bloco tem três itens principais em sua cesta de exportação, sendo eles:
- Soja, petróleo e minérios de ferro para o Brasil,
- Petróleo, gás natural e tecnologia de informação e comunicação para a Rússia,
- Tecnologia de informação e comunicação, petróleo e serviços de transporte para a Índia,
- Aparelhos de transmissão, tecnologia de informação e comunicação e acessórios para equipamentos e maquinários para a China,
- Ouro, platina e minérios de ferro para a África do Sul.
Os países do Brics recebem cerca de 20% do investimento estrangeiro direto global. Além disso, há fluxos de investimentos e capitais entre as economias do grupo. Por exemplo, a China investe no Brasil em setores como infraestrutura, principalmente em transmissão e geração de energia, no setor financeiro e no agronegócio.
Embora sejam considerados países em desenvolvimento ou emergentes, os países do Brics apresentam um índice de desenvolvimento humano variando de 0,822 (Rússia) a 0,633 (Índia).
Outro aspecto importante dos países do Brics é sua população, com China e Índia sendo os dois únicos países do mundo com mais de 1 bilhão de habitantes. Juntos, os países do Brics representam aproximadamente 41% da população mundial, sendo que a China possui 1.444.216.000 habitantes e a Índia possui 1.393.409.000 habitantes.
Sua importância na economia:
Desde a formação do grupo, os BRICS passaram por momentos de instabilidade em suas relações e enfrentaram crises internas em alguns países. Enquanto Rússia e China tiveram destaque econômico, Brasil e África do Sul sofreram com problemas como a crise política e econômica brasileira e a recessão causada pela pandemia.
Além disso, a Rússia tem estado envolvida em um conflito bélico com a Ucrânia há mais de um ano. Esse conflito é visto por especialistas como um fator de desunião do grupo.
Apesar disso, as instituições do bloco ainda existem e os BRICS devem continuar funcionando, embora com menor relevância em termos de peso geopolítico e definições de posicionamentos.
O grupo é reconhecido como o bloco das economias emergentes que mais cresceram nos últimos anos, com uma taxa anual de aumento do PIB de 6%. Esse índice é superior ao crescimento apresentado pelos países da OCDE.
Portanto, o Brics é um fator importante para o desenvolvimento econômico global, bem como para o fortalecimento financeiro dos países do bloco e de outras nações em desenvolvimento.
Alguns países emergentes, como Argentina, Argélia e Irã, solicitaram formalmente a entrada no Brics, o que amplia a presença das economias emergentes no sistema econômico global e reforça a sua importância na geopolítica global.
BND: Novo Banco de Desenvolvimento
O Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco do Brics, foi criado em 2014 durante a Cúpula dos Brics realizada em Fortaleza, Brasil. A ideia de estabelecer uma instituição financeira de desenvolvimento para países emergentes foi proposta pelos Brics em 2012.
Desde julho de 2015, o NDB tem sua sede em Xangai, na China, e tem como objetivo fornecer financiamento para projetos de infraestrutura em economias emergentes e em desenvolvimento, independentemente de serem membros do grupo ou não, com o objetivo de promover o crescimento e o desenvolvimento econômico sustentável.
O banco opera como uma instituição multilateral.