O Banco do Brasil (BBAS3) anunciou a adição de R$ 507 milhões em provisões devido às dívidas da Americanas (AMER3), uma medida cautelosa tomada após o atraso na divulgação dos resultados de 2022 pela varejista. “A gente sempre fez uma avaliação por perda esperada, com os dados que tínhamos a disposição. […] Ocorre que, no caso do Banco do Brasil, o saldo dessas operações começou a ficar atrasado em junho e passou a ficar atrasado acima de 90 dias em setembro”, disse Felipe Prince, sinalizando a postura prudente do banco diante da incerteza.
Negociações e Esperança de Recuperação
Apesar do processo mais demorado que o esperado, Prince vê um lado positivo: “a morosidade foi benéfica” graças ao aumento do valor da capitalização proposta para a Americanas de R$ 7 bilhões para R$ 12 bilhões, após intensas negociações em que o banco participou ativamente. O vice-presidente expressou a complexidade do caminho a seguir até que os recursos prometidos comecem a ser recebidos e as provisões possam ser revertidas.
Expectativas Financeiras e Orientações Futuras
O Banco do Brasil mantém perspectivas otimistas, esperando fechar o ano com lucros recordes, conforme apontado pelo guidance do banco, que prevê um lucro líquido de R$ 33 bilhões a R$ 37 bilhões para 2023. “Nós acreditamos que estamos caminhando para entregar para os nossos acionistas o maior lucro da história do Banco do Brasil”, compartilhou Geovanne Tobias, reforçando a confiança na performance financeira da instituição.
Análise de Crédito e Juros
O BB demonstra prudência e responsabilidade na gestão de suas linhas de crédito, ajustando os juros tecnicamente, sem influência política, seguindo os cortes da Selic. “Todos os ajustes [de juros] são técnicos”, confirmou o CFO, destacando a atenção do banco às oportunidades de melhorar as condições para seus clientes.
Estratégias de Crescimento e Iniciativas de Crédito
No setor de crédito, o foco do Banco do Brasil está no crescimento do crédito consignado, principalmente no segmento privado. “O que queremos crescer é no consignado”, revelou Tobias, com Prince complementando a estratégia para ampliar a participação no mercado INSS e no consignado privado.
Debate sobre Parcelamento no Cartão e Visão de Mercado
A discussão sobre o parcelamento sem juros no cartão de crédito recebeu uma defesa apaixonada de Tobias, que destacou sua importância na vida dos consumidores brasileiros. “Não podemos matar esse instrumento valioso na vida das pessoas”, disse, criticando a proposta de alteração desse sistema.
Impacto da Inadimplência e Política de Payout
Apesar de um aumento na inadimplência, Tobias acredita que o pico já passou, pelo menos no que diz respeito à pessoa física. Ele revelou que, excluindo o efeito da Americanas, os números seriam ainda melhores. No tocante à política de payout, o banco estuda a possibilidade de aumentá-la, mas com cautela, levando em consideração fatores externos e regulatórios como mudanças na legislação tributária e o impacto no lucro dos bancos.