Desvela-se um prejuízo avassalador que o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) enfrenta, valor este pertencente a trabalhadores de carteira assinada.
Surpreendentemente, esse dinheiro foi empregado como garantia pelo governo para o desbloqueio de microcrédito, resultando num déficit alarmante de R$ 2 bilhões devido à inadimplência.
Uma Parceria de Risco
Sob a administração de Jair Bolsonaro (PL) no ano anterior, uma aliança entre o governo federal e a Caixa Econômica gerou a oferta de microcrédito via Caixa Tem.
Esta iniciativa permitiu que indivíduos pudessem obter empréstimos de até R$ 1 mil, enquanto para empreendedores o valor chegava a R$ 3 mil. Entretanto, para viabilizar tais transações, fundos do FGTS tiveram que ser empregados.
Este sistema de crédito, ao utilizar o capital dos trabalhadores, sofreu uma taxa de inadimplência excedendo os 80%, refletindo não apenas no FGTS, mas também acarretando danos financeiros à Caixa.
De um total de R$ 3 bilhões emprestados, a quantia não recuperada é de R$ 2,3 bilhões, com a Caixa absorvendo um impacto de R$ 460 milhões.
A Origem e o Fim Temporário do Programa
Até metade deste ano, conforme informações da Caixa, havia a possibilidade de solicitar o microcrédito via SIM Digital. No entanto, a oferta foi pausada para prevenir futuras perdas associadas à utilização dos recursos do FGTS.
Ressalta-se que o programa foi instaurado em 2022, em meio ao período eleitoral, e somente a Caixa Econômica mostrou-se disposta a fornecer o empréstimo.
Os Reflexos no FGTS
Segundo a Caixa, o FGTS investiu R$ 3 bilhões no FGM (Fundo Garantidor de Microfinanças) no começo de 2022, conseguindo retomar apenas R$ 1 bilhão em julho do mesmo ano, enquanto o restante foi considerado perdido.
Sobre os contratos inadimplentes, o banco esclarece:
“A Caixa informa que continua atuando na recuperação destes recursos, com o propósito de minimizar os prejuízos ao FGTS.
Além disso, a presidência da Caixa determinou a abertura de auditoria interna para apurar os fatos relacionados à operação de microcrédito com garantia do Fundo”.
Embora o montante do FGTS esteja assegurado pelo banco e apenas possa ser sacado em circunstâncias específicas, é comum seu uso em financiamentos bancários.
Isto é, na realidade, como se fosse um empréstimo ao governo, com a expectativa de retorno. Contudo, o trabalhador não será prejudicado ao acessar seu FGTS, sendo os prejuízos absorvidos inteiramente pela Caixa Econômica.