Os advogados de uma artista russa que pode enfrentar uma sentença de até oito anos de prisão por substituir etiquetas de supermercado por mensagens pedindo o fim da guerra na Ucrânia argumentaram perante um tribunal nesta segunda-feira que sua cliente não conseguiria sobreviver na prisão e, portanto, deve ser libertada.
Críticos alegam que o caso de Alexandra Skochilenko, uma mulher de 33 anos, é mais uma exemplo da repressão que ocorre em Moscou contra qualquer indivíduo que manifeste sua oposição à “operação militar especial”. Essa repressão já resultou em quase 20.000 detenções e mais de 800 casos criminais.
No ano passado, a Rússia enviou tropas para a Ucrânia e, desde então, intensificou suas leis contra a dissidência para suprimir críticas que são consideradas divisivas por Moscou. Essa ação ocorre em um momento em que o presidente Vladimir Putin retrata a situação como uma luta existencial contra o Ocidente.
Sasha, também conhecida como Skochilenko, uma talentosa artista e músico, recentemente confessou ter realizado uma ação notável em um supermercado em São Petersburgo, em 31 de março de 2022. Sasha substituiu deliberadamente as etiquetas tradicionais dos produtos por pequenos pedaços de papel, nos quais ela escreveu mensagens urgentes em busca do fim da guerra e críticas às autoridades.
Essa iniciativa de Sasha demonstra seu comprometimento com a promoção da paz e seu desejo de chamar a atenção para questões fundamentais que afetam nossa sociedade. Ao aproveitar sua criatividade e influência, ela usou esse ato inovador para transmitir uma mensagem poderosa e despertar uma reflexão mais profunda entre aqueles que frequentam o supermercado.
Ao assumir a responsabilidade de usar seu talento artístico para amplificar vozes negligenciadas e ressaltar problemas urgentes, Sasha está mostrando que os artistas têm um papel vital a desempenhar na arena pública. Sua ação destemida e corajosa demonstra o poder da arte como uma ferramenta para expressar opiniões políticas e sociais, além de estimular o diálogo e a ação.
Embora algumas possam questionar as táticas de Sasha, é inegável que sua ação provocou discussões significativas e trouxe à tona as questões críticas que muitas vezes são ignoradas. Sua coragem em desafiar as normas estabelecidas, abrindo um espaço para o debate sobre políticas governamentais e crises humanitárias, é digna de admiração.
Esperamos que a ação de Sasha inspire outros artistas e indivíduos a usarem sua criatividade e influência para buscarmos um mundo mais justo e pacífico. É importante reconhecer e valorizar esses esforços corajosos para promover a mudança e desafiar as autoridades responsáveis, pois são essas ações que impulsionam a evolução contínua da nossa sociedade.
No entanto, Skochilenko, que cumpriu mais de um ano e meio de prisão em São Petersburgo, nega veementemente a acusação de ter intencionalmente espalhado informações falsas sobre o exército russo.
Após um pedido feito por um promotor, ela pode ser condenada a oito anos de prisão em uma colônia penal. Além disso, o promotor também solicitou que ela seja proibida de utilizar a internet por três anos, por ter cometido o que ele descreve como um crime sério de “ódio político” contra a Rússia.
Durante a audiência realizada em São Petersburgo na segunda-feira, dois advogados de Skochilenko defenderam a sua inocência perante a juíza. Segundo eles, seu cliente agiu de acordo com sua consciência e não cometeu nenhum crime.
“Segundo a advogada Yana Nepovinnova, é fundamental que nunca se puna indivíduos por terem pensamentos ou sentimentos diferentes. Além disso, também é importante não aplicar punições por críticas objetivas às autoridades e às suas decisões.”
“Existe apenas um veredicto possível – o de inocência. Embora o tempo passe, as nossas ações permanecem eternamente registradas na história e na nossa consciência. Encerro o meu discurso com uma citação da minha confidente, Alexandra Skochilenko: ‘Este é um teste para a humanidade. Vocês têm a oportunidade de passar por ele com êxito'”.
A Anistia Internacional designou Skochilenko como uma “prisioneira de consciência”, o que significa que ela está presa apenas por ser quem é ou por suas crenças.
Skochilenko, em suas etiquetas exibidas em um site mantido por seus apoiadores, afirma que o exército russo bombardeou um teatro na cidade portuária de Mariupol, colocando em risco a vida de 400 pessoas que estavam lá escondidas. No entanto, Moscou nega categoricamente tal acusação, afirmando que ela é falsa.
Outro relato menciona que a Rússia supostamente estava despachando recrutas para participar do conflito na Ucrânia, no entanto, a Rússia negou essa afirmação. Além disso, outra fonte cita números de supostas vítimas causadas pela Rússia, e acusa a TV estatal de não reportar esses casos. Por fim, uma outra acusação direciona-se ao presidente Putin, alegando que ele está mentindo e menciona “mortes inúteis”.