Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pantanal registrou um número recorde de incêndios nos primeiros 13 dias de novembro. Foram contabilizados 2.387 focos de incêndio, estabelecendo um recorde absoluto para o mês desde que as queimadas começaram a ser monitoradas no país em 1998.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou um aumento significativo no número de queimadas nos primeiros dias de novembro. Os dados revelam que houve um aumento de 101,2% em relação ao total de focos registrados durante todo o mês de outubro. Além disso, as queimadas detectadas representam mais da metade do total registrado durante todo o ano até o momento.
No domingo passado, o Inpe detectou a presença de 706 focos ativos de queimadas, evidenciando a gravidade e a urgência de lidar com esse problema ambiental. As queimadas têm um impacto devastador no meio ambiente, contribuindo para a destruição de ecossistemas, a perda de biodiversidade e a emissão de gases poluentes.
Diante desses números alarmantes, fica evidente a necessidade de ações imediatas para combater e prevenir as queimadas. É fundamental que sejam intensificados os esforços para monitorar e fiscalizar áreas suscetíveis a incêndios, assim como para punir aqueles que praticam atos ilegais de queima.
Além disso, é imprescindível investir em educação ambiental, conscientizando a sociedade sobre os impactos das queimadas e incentivando práticas sustentáveis. O engajamento da população e a adoção de medidas de prevenção são essenciais para a preservação dos recursos naturais e para a mitigação das mudanças climáticas.
Enfrentar o problema das queimadas requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo a participação de governos, órgãos ambientais, instituições de pesquisa e a sociedade em geral. Somente por meio de um esforço conjunto e contínuo será possível reduzir o número de queimadas e proteger nosso patrimônio ambiental para as gerações futuras.
Durante todo o ano de 2023, as ocorrências de queimadas no Pantanal aumentaram significativamente em relação a 2022, com um aumento de 244%. Vale ressaltar que o ano anterior apresentou um baixo risco de incêndios florestais como consequência de dois anos consecutivos de queimadas intensas. Em especial, 2020 foi marcado por recordes alarmantes, com mais de 20 mil focos de incêndio registrados na região pantaneira.
O aumento significativo de incêndios está sendo atribuído principalmente ao fenômeno El Niño, que foi intensificado pelas mudanças climáticas. De acordo com Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida em Mato Grosso, normalmente as chuvas chegam à região no final de setembro, e em novembro a umidade é alta. No entanto, este ano essas condições não ocorreram.
Estamos vivenciando um mês de novembro bastante incomum devido às mudanças climáticas e aos efeitos do El Niño. As temperaturas estão extremamente altas para esta época, quando normalmente teríamos chuvas e uma umidade do ar mais elevada”, explica Silgueiro. ”
As chuvas rápidas que ocorreram até agora não foram capazes de extinguir o incêndio. Houve algumas chuvas esporádicas no final de outubro, mas duraram apenas dois ou três dias e o fogo recomeçou.
O mês de novembro é tradicionalmente marcado por uma diminuição nos focos de incêndio na região, devido às chuvas que chegam após os picos registrados em agosto e setembro. Em média, o mês registra cerca de 442 focos. No entanto, este ano temos presenciado um registro fora do comum, assim como ocorreu em 2002, que detém o recorde anterior para o mês, com 2.328 focos.
No sábado passado, o governo federal aumentou o número de brigadistas no Pantanal com a adição de 90 pessoas, elevando o total para 299. Além disso, foram disponibilizadas mais quatro aeronaves para combater os incêndios na área. O objetivo é controlar e extinguir as chamas que assolam a região.
De acordo com o Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aproximadamente 947.025 hectares do Pantanal, o que corresponde a cerca de 6,7% do bioma, foram impactados por incêndios até este mês. No ano de 2020, considerado um ano recorde, estima-se que tenham sido afetados 3,77 milhões de hectares.
“Uma grande parte das áreas que foram queimadas em 2020 está sendo novamente consumida pelo fogo. Estas são áreas que haviam começado a se regenerar naturalmente. Quando um solo é queimado, ele se torna muito frágil, perde sua matéria orgânica que é essencial para a recuperação e perde também sua capacidade de reter água”, alertou Silgueiro. Diante desses desafios, o processo de recuperação será ainda mais demorado.”
O governo deve estar preparado para um risco constante causado pela crise climática, exigindo a implementação de medidas de preparação, prevenção e capacidade de resposta. Essa necessidade é ainda mais urgente em um bioma que já perdeu 57% de sua área aquática desde 1985.