No mês de outubro, a visão dos empresários brasileiros do setor de comércio apresentou uma tendência menos positiva, conforme indicam os dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) sofreu um decréscimo de 3,0%, atingindo 112,8 pontos após o ajuste sazonal. Apesar de se manter acima da marca dos 100 pontos, indicando uma situação de satisfação, o índice revelou uma queda significativa de 13,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Fatores Influenciadores: Desaceleração e Desafios Financeiros
A CNC aponta que diversos fatores têm contribuído para essa percepção menos otimista por parte dos comerciantes. Dentre eles, destacam-se a desaceleração da atividade econômica e um cenário de aperto nas margens de lucro, aliados a níveis elevados de endividamento e inadimplência empresarial, complicando a gestão de caixa das empresas.
Análise dos Componentes do Índice
Analisando os três componentes principais do Icec, todos apresentaram queda na transição de setembro para outubro. A avaliação sobre as condições atuais teve uma redução de 6,8%, atingindo 88,3 pontos. Neste quesito, observou-se uma diminuição em todos os itens avaliados: economia (-9,9%), setor (-6,9%) e empresa (-4,5%).
Quanto às expectativas futuras, houve um recuo de 1,6%, culminando em 145,2 pontos. Aqui, todos os subitens também registraram perdas: economia (-2,0%), setor (-1,6%) e empresa (-1,1%). Em relação às intenções de investimento, houve uma contração de 1,6%, chegando a 104,8 pontos, com estabilidade no quesito estoques, mas declínios nos subitens empresa (-1,9%) e contratação de funcionários (-2,6%).
A Cautela do Consumidor e os Efeitos no Setor
Segundo Izis Ferreira, economista da CNC, “Apesar do maior faturamento esperado nas festas de fim de ano, quando comparamos com outubro do ano passado, a desaceleração da atividade econômica e do varejo, com acirramento da gestão financeira das empresas, e um consumidor mais cauteloso contribuem para que o comerciante entre no último trimestre com menos disposição para investir na contratação efetiva de funcionários e na ampliação dos estoques”, reforçando a influência direta da cautela do consumidor sobre as decisões de investimento dos comerciantes.
Impactos nos Diversos Ramos do Comércio
O estudo ainda destaca as variações específicas nos diferentes ramos do comércio. O segmento de produtos de primeira necessidade apresentou uma queda de 3,9% em sua confiança em outubro, em comparação com setembro. No caso dos semiduráveis, a confiança recuou 3,4%, enquanto no setor de bens duráveis a retração foi de 2,7%.
Na análise anual, comparando outubro de 2023 com outubro de 2022, o segmento de bens duráveis foi o que mais sofreu, com uma redução de 14,7% na confiança, impactado intensamente pelas condições de crédito mais restritivas, como destacado pela CNC.