Às vésperas das eleições presidenciais na Argentina, as pesquisas sugerem uma possível liderança de Javier Milei, conhecido por suas propostas ultraliberais.
Enquanto Milei avança, Sergio Massa, atual ministro da Economia, aparece em segundo, com Patricia Bullrich, de tendência conservadora, logo atrás. Com tanta proximidade nas intenções de voto, o cenário indica um potencial segundo turno.
Requisitos para Vitória no Primeiro Turno
Um candidato precisa de 45% dos votos ou mais de 40% e uma diferença superior a 10 pontos em relação ao segundo colocado para uma vitória imediata. A eleição está em aberto e o Brasil observa com atenção, dada a natureza atípica das propostas de Milei.
Retrocesso à Dolarização nos Anos 90
Uma das promessas mais controversas de Milei é a completa dolarização da economia argentina. Essa medida ressoa com os argentinos, lembrando-os da dolarização da década de 90, quando o governo de Carlos Menem buscou controlar uma hiperinflação devastadora.
“Na elaboração do Plano Real, não se permitiu a livre conversibilidade de contas de brasileiros em dólar. Por isso, o Brasil tem muito mais facilidade hoje de lidar com uma inflação vinculada ao elemento cambial do que a Argentina”, comenta Juliane Furno. Ela destaca que a perda de autonomia monetária aumenta a vulnerabilidade a ataques especulativos.
O Impacto do Dólar na Economia Argentina
Diferentemente do Brasil, a Argentina permitiu que sua população mantivesse contas em dólares. Isso fez com que o dólar se tornasse uma parte integrante da economia, mas também apresentou problemas. Para André Roncaglia, a atual fragilidade econômica argentina torna a dolarização uma proposta arriscada.
Desafios da Eliminação do Banco Central
Milei propõe o encerramento do Banco Central da Argentina. Roncaglia compara essa ação a um transplante cardíaco: “O que Milei propõe com a dolarização e fechamento do banco central é como um transplante de coração e de todo sangue que alimenta os órgãos ao mesmo tempo.”
Relações Comerciais com o Brasil
O comércio entre Brasil e Argentina é uma preocupação. Ambos os especialistas, no entanto, concordam que é pouco provável que Milei corte os laços comerciais com o Brasil. “Acho praticamente impossível que seja interrompido o comércio com o Brasil”, diz Roncaglia.
O Decréscimo do Comércio Bilateral
Historicamente, a Argentina tem sido um grande parceiro comercial para o Brasil. No entanto, essa relação tem se enfraquecido nos últimos anos. Juliane Furno enfatiza a necessidade de o Brasil renovar e fortalecer esses laços.
Possíveis Estratégias de Recuperação Comercial
Para reviver o comércio entre os dois países, Furno sugere uma variedade de estratégias. Entre elas, promover a exportação de produtos manufaturados e reforçar a parceria com outros blocos econômicos. Roncaglia acrescenta que colaborações com o setor privado, especialmente em áreas como energia renovável, poderiam ser benéficas para ambos os países.