O renomado ex-futebolista, Ronaldinho Gaúcho, registrou transações financeiras que somam R$ 103 milhões entre 2015 e 2021. Estas operações, conforme mencionado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), foram catalogadas e incluídas no documento conclusivo da investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) responsável por investigar fraudes financeiras, que teve seu término na última quarta-feira (11).
Irregularidades e Pedido de Indiciamento
As movimentações financeiras do ex-jogador chamaram atenção por apresentarem “indícios de burla” e ultrapassar o que seria considerado “normal” para a sua condição financeira.
Este fato foi crucial para que os legisladores recomendassem a investigação de Ronaldinho Gaúcho e de seu irmão, Roberto de Assis Moreira. Ambos são suspeitos de envolvimento em crimes como estelionato, lavagem de dinheiro e operação de entidade financeira sem licença adequada.
Acusações de Fraude em Criptomoeda
O centro das acusações se volta para um suposto esquema de pirâmide financeira chamado 18k Ronaldinho. Este mecanismo prometia retornos diários de 2% sobre os investimentos, algo extremamente raro no instável mundo das criptomoedas.
Ronaldinho Gaúcho, consequentemente, enfrenta uma reivindicação de R$ 300 milhões de ressarcimento feita pelas supostas vítimas deste esquema.
Detalhes das Transações
Ao longo de seis anos, as contas de Ronaldinho receberam R$ 53,5 milhões e registraram saídas de R$ 49,9 milhões. Os fundos vieram de diversos locais do Brasil, incluindo comunidades menos favorecidas e foram depositados em diferentes cidades.
O documento elaborado pela comissão destaca: “Tais fatos, portanto, reforçam o arcabouço probatório desta comissão, acerca dos indícios de atividades financeiras ilícitas envolvendo Ronaldo de Assis Moreira, Roberto de Assis Moreira e Marcelo Lara (dono da 18k), culminando na associação entre eles para difundir e manter a 18K Watches (outro CNPJ) e a 18k Ronaldinho, empresas que se revelaram verdadeiros esquemas criminosos de captação de vítimas para obtenção de vantagens ilícitas, através de promessas irreais de alta rentabilidade”, conforme está no relatório.
Defesa e Outras Acusações
O advogado responsável pela defesa de Ronaldinho, Sérgio Queiroz, não retornou os contatos feitos até o momento da publicação. Em seus testemunhos à CPI, tanto Ronaldinho quanto seu irmão se declararam como vítimas. Porém, a investigação revelou que Ronaldinho mantém relações com Marcelo Lara, fundador da 18k, há anos.
Ainda há suspeitas de que os irmãos e Lara estariam envolvidos em atividades ilícitas com a corretora LBLV, acusada de operar irregularmente no mercado Forex no Brasil.
Próximos Passos na Investigação
O relatório final da CPI, que sugere a investigação de Ronaldinho e de seu irmão, está sob análise do Ministério Público Federal (MPF). Este órgão decidirá sobre a instauração formal de inquéritos.
Além dos dois, outras 43 pessoas foram listadas pela CPI, indicando que possivelmente estariam envolvidas em esquemas de pirâmide financeira e outras transgressões ao sistema financeiro do país.