Recentemente, os conflitos entre o Hamas e Israel desencadearam uma aversão momentânea aos riscos em mercados financeiros globais.
Contudo, a efervescência inicial em relação às possíveis interrupções no fornecimento de petróleo parece estar se dissipando. Especialistas e investidores, por ora, estão mantendo uma abordagem mais cuidadosa e observadora sobre possíveis desdobramentos.
Tiago Cunha, um especialista da ACE Capital, afirma: “A primeira reação é aquela comum para qualquer guerra. É compreensível. Depois, investidores vão buscar entender se vai ter envolvimento de outras regiões. Acho que agora vai começar a pesar um pouco o quanto o conflito vai se alastrar”.
Situação do Petróleo no Oriente Médio
A situação geográfica de Israel e Palestina não está diretamente conectada com os maiores produtores de petróleo. Contudo, qualquer movimento mais agressivo por potências como a Arábia Saudita ou potenciais embargos pelo Irã podem afetar a produção. Como referência, o Irã contribui com cerca de 3,6% da produção petrolífera mundial.
Recentemente, os preços do petróleo tipo Brent e WTI viram um aumento significativo, seguido por correções nos dias subsequentes. Esse movimento reflete as oscilações e incertezas do mercado.
Estratégias de Investimento e Perspectivas
Muitas gestoras, incluindo a ACE Capital, não fizeram alterações significativas em suas carteiras de investimento, especialmente quando se trata de ações relacionadas ao petróleo. “No caso do petróleo, não achamos que muda substancialmente a avaliação com os elementos que vimos no fim de semana”, expressa o representante da ACE.
A Real Investor, uma outra gestora, compartilha dessa visão. Cecília Stremlow, uma das analistas da empresa, enfatiza que os conflitos parecem ser limitados à região de Gaza e Israel. Portanto, a volatilidade atual pode ser vista até mesmo como uma oportunidade para empresas petrolíferas.
Referindo-se ao estado atual da Petrobras, Jean Paul Prates, seu presidente, destaca após o início das hostilidades entre Hamas e Israel: “Não tem que fazer muito mais do que a gente está fazendo, tem que ir acompanhando os preços, principalmente do diesel, e ir se organizando”.
A Visão Futura para Petrobras
Existem expectativas de que a Petrobras possa aumentar seus dividendos neste ano, devido às pressões governamentais para equilibrar as finanças. A decisão final estará provavelmente atrelada ao plano de investimentos que será revelado em breve.
Stremlow, da Real Investor, acredita que, embora a Petrobras tenha apresentado resultados positivos recentemente, as ações podem já ter ultrapassado o ponto ideal de compra.
Análise de Outras Empresas Petrolíferas
Com relação às chamadas “junior oils”, como Prio, 3R Petroleum e PetroReconcavo, a Prio é frequentemente citada como estando mais próxima de seu valor justo.
Por outro lado, a 3R Petroleum e a PetroReconcavo estão sendo vistas como oportunidades de investimento mais promissoras. Esse otimismo é alimentado por fatores como a redução dos custos de extração e aumento da produção.
Stremlow também destaca a PetroReconcavo por sua produção estável e por possuir ativos onshore de alta qualidade. Ela conclui: “Também gostamos do qualitativo. Ela possui um modelo mais verticalizado. Tem sócios estratégicos e uma equipe c-level mais experiente”.
Espera-se que os próximos desenvolvimentos no Oriente Médio e suas repercussões nos mercados de petróleo sejam monitorados de perto por investidores e analistas. A interdependência entre geopolítica e economia é inegável, e as movimentações atuais são prova disso.