Apesar da diminuição da popularidade das NFTs (token não fungíveis) entre 2021 e 2022, a esfera artística convencional testemunha uma onda de revitalização.
O Brasil se destaca nesse cenário devido a dois fatores cruciais: uma taxa de câmbio atraente e um aumento no interesse por artigos artísticos brasileiros.
Tamara Brandt, líder da área de novos empreendimentos da SP-Arte, empresa responsável por organizar renomadas feiras de arte no país, observa a expansão do setor.
A edição mais recente de uma das feiras em São Paulo viu um aumento significativo em sua participação.
“O público deste ano estava interessado em comprar. Isso tem relação com o fortalecimento da arte local, mas foi muito favorecido pelo público internacional, que veio atraído pelo câmbio”, relata.
A presença de instituições estrangeiras também foi marcante, com organizações de renome mundial adquirindo peças para suas coleções.
Brandt também destaca eventos futuros no cenário artístico que terão influência brasileira significativa.
“Não é uma agenda e não vai sumir: os museus pelo mundo estão revendo seus acervos, buscam riquezas e diversidades e o Brasil tem estrutura para oferecer isso”, comenta ela.
Além disso, há um movimento crescente de descentralização da arte no Brasil, com centros emergindo fora dos tradicionais Rio e São Paulo.
Oculto e Misterioso: O Mundo dos Negócios de Arte
A arte, por sua natureza, muitas vezes permanece escondida aos olhos do público. Obras são frequentemente vendidas em transações privadas e os valores variam dependendo de critérios muitas vezes enigmáticos.
Brandt destaca ainda que, embora isso possa proteger o mercado nacional de alguma forma, não é inteiramente benéfico. “Até artistas brasileiros, que produziram fora, não conseguem trazer as obras”, lamenta.
Dados recentes da feira Art Basel, em parceria com o banco UBS, indicam que as vendas de arte globalmente no ano passado atingiram R$ 70 bilhões. Contudo, insiders acreditam que o número real pode ser muito maior devido às transações privadas.
Desafios no mercado de arte brasileiro incluem altos custos de seguros e taxas de importação. Especialistas do setor argumentam que reduzir essas barreiras aumentaria a liquidez e atrairia novos colecionadores.
“Se um investidor tem R$ 1 milhão e quer investir em arte, pode ter dificuldade de liquidez caso precise resgatar o investimento”, observa um dos profissionais.
O Crescimento do Apetite Artístico Nacional
Nos últimos anos, houve um aumento notável no interesse dos brasileiros em investir em arte. Galerias e eventos artísticos têm visto um influxo de consultas de gestores de patrimônio e consultores financeiros.
“Existe um interesse crescente e uma busca por orientação, como fazer um due diligence em uma obra”, compartilha Brandt.
Explorando Horizontes Internacionais
Enquanto o mercado interno floresce, os atores do setor de arte também estão de olho em oportunidades no exterior. Um exemplo é a Oficina Francisco Brennand, de Recife.
Marcos Baptista, à frente da instituição, nota um aquecimento significativo no setor e discute seus planos para expansão.
“Não realizamos exportações regulares, apenas por demanda. Inglaterra e Estados Unidos são exemplos de destinos recentes da nossa produção. Mas o mercado internacional é um objetivo”, revela.