A influência climática conhecida como El Niño, notória por suas chuvas intensas e ciclones extratropicais, assolou o estado do Rio Grande do Sul entre junho e setembro.
Porém, para alívio de muitos, as maiores lavouras do Brasil não foram prejudicadas até o momento. Ainda que exista uma preocupação latente entre os agricultores, as perspectivas indicam que os impactos do fenômeno serão localizados, afetando principalmente áreas no Nordeste e no extremo Sul.
Isso não deve prejudicar a crescente tendência na colheita nacional de produtos como grãos, cana e café.
El Niño: Uma Visão Geral
Originado pelo aquecimento das águas do Pacífico Equatorial, o El Niño é um fenômeno que se manifesta a cada dois a sete anos e pode durar até um ano.
Sua presença causa variações climáticas globais. No contexto brasileiro, ele pode resultar em elevações de temperatura e chuvas mais intensas no Sul e diminuição das precipitações nas regiões Norte e Nordeste. Willians Bini, da Climatempo, destaca:
“O desafio constante do país é elevar a produtividade agrícola. Planejamento e investimentos em tecnologia ajudam a mitigar eventuais problemas causados por fenômenos como El Niño e La Niña”.
Análises e Projeções de Especialistas
Samuel Isaak, da XP Investimentos, enfatiza que associar diretamente as recentes chuvas irregulares em Mato Grosso ao El Niño é precipitado. Ele nota que há previsões de chuvas benéficas para o plantio de grãos no Centro-Oeste.
“Embora as chuvas intensas já tenham gerado perda de qualidade em lavouras de trigo do Rio Grande do Sul, o El Niño poderá ser positivo para a safra de verão de grãos na região Sul”, comenta.
Projeções para Grãos
Segundo relatórios da StoneX, o clima pode trazer algumas surpresas, sobretudo para o Norte e Nordeste. No entanto, a consultoria ajustou sua previsão para a produção de soja em 2023/24, apontando para um potencial recorde de 164,1 milhões de toneladas. Em relação ao milho, as expectativas são de uma colheita de 27,5 milhões de toneladas.
Cenário para a Cana-de-açúcar
Recentes chuvas em São Paulo interferiram na moagem da cana-de-açúcar. Entretanto, as cifras mostram uma produção robusta.
A Unica registra que foram processadas 406,6 milhões de toneladas desde abril, marcando um crescimento de 10,9% em comparação ao período anterior. A perspectiva para a safra 2023/24 é promissora, com projeções chegando a até 623 milhões de toneladas.
Produção de Café
A Conab identifica uma tendência de crescimento na produção de café nesta temporada, atribuindo-a ao clima favorável. As estimativas indicam uma colheita de 54,4 milhões de sacas, um aumento significativo de 6,8% em relação a 2022.
Tendências para Laranja
Mesmo com o El Niño em vista, as projeções para a colheita de laranja são positivas. O Fundecitrus prevê uma produção de 309,3 milhões de caixas na safra 2023/24, um ligeiro aumento de 1% comparado à média da última década.