Em um momento de intensas oscilações monetárias, o dólar experimentou um aumento significativo. Durante a manhã da última quarta-feira, essa moeda cruzou a linha de R$ 5, impulsionando ainda mais seu crescimento à tarde.
Este avanço foi influenciado por preocupações globais, principalmente com a antecipação de que os países avançados manterão taxas de juro elevadas, com destaque para os Estados Unidos.
Por volta das 15h40, horário local, a cotação do dólar comercial mostrou um aumento de 1,38%, atingindo R$ 5,055. O pico do dia foi de R$ 5,08.
A última vez que a moeda americana excedeu a marca de R$ 5 durante as negociações diárias foi em 18 de agosto. Entretanto, desde o início de junho, não havia registrado um fechamento diário acima desse valor.
Tensões nos EUA Impactam a Cotação
O cenário financeiro mostra um aumento das taxas de retorno dos títulos do Tesouro dos EUA. Ao mesmo tempo, há uma crescente inquietação entre os investidores quanto à possibilidade de uma interrupção temporária das operações governamentais nos EUA.
A situação política nos EUA contribui para essa incerteza. Kevin McCarthy, líder da Câmara dos Representantes dos EUA, rejeitou um projeto de financiamento temporário. Esta decisão eleva a probabilidade de uma quarta paralisação governamental parcial em dez anos.
Esta crise política, combinada com preocupações sobre uma política de juros elevados e tensões na China, especialmente no setor imobiliário, agravam o clima de incerteza global.
Dinâmica de Mercado e Estratégias
Segundo especialistas, além das questões políticas e econômicas, fatores técnicos também desempenham um papel no aumento do dólar.
Quando o dólar ultrapassou os R$ 5, mecanismos de “stop loss” foram acionados, resultando em compras automáticas.
“É o ‘stop’ que bate, e nesta semana já começou o movimento da Ptax; o pessoal que está comprado (em dólar) vai aproveitar esse movimento”, comentou Hideaki Iha, especialista em câmbio.
Ptax é uma referência determinada pelo Banco Central para a liquidação de contratos futuros. Nos finais de mês, os negociantes procuram influenciar essa taxa para que favoreça suas posições.
Análise dos Especialistas
A elevação do dólar pode ser atribuída a dois fatores principais: a expectativa de juros mais altos nos EUA e preocupações domésticas sobre a saúde fiscal do Brasil.
“A alta do dólar está refletindo duas conjunturas momentâneas muito desfavoráveis”, disse Alexandre Espirito Santo, principal economista da Órama.
Por outro lado, André Perfeito acredita que a moeda americana pode manter essa faixa de preço por algum tempo.
Um relatório do Citi observou que as declarações recentes de Roberto Campos Neto, chefe do Banco Central brasileiro, não tiveram um impacto significativo. “A postura do BC tem sido bastante clara”, indica o relatório.
Tendências Globais e Juros nos EUA
A valorização atual do dólar segue uma tendência global. A moeda ganhou força contra uma série de moedas importantes após o Federal Reserve sinalizar a intenção de manter taxas de juro mais altas para combater a inflação.
A perspectiva é que juros mais elevados nos EUA resultem em uma valorização contínua do dólar, tornando os investimentos em títulos americanos mais atraentes em comparação com os emergentes, que apresentam riscos mais elevados.