Após uma reviravolta no mercado de crédito privado e com a perspectiva de novos cortes nas taxas de juros, gestoras financeiras estão ajustando suas carteiras de investimentos, direcionando o olhar para o mercado primário.
Elas buscam ativos de qualidade que ainda oferecem retornos atrativos. A reabertura do mercado primário após meses de retração, combinada com a redução dos spreads (diferenciais de juros) nos últimos meses, está impulsionando essa movimentação.
Investimento Insuficiente para Universalização do Saneamento Básico até 2033
Em outra frente, o economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marcelo Trindade, alertou que são necessários investimentos anuais da ordem de R$ 31,5 bilhões para cumprir a meta de universalização do sistema de saneamento básico no Brasil até 2033.
No entanto, a média de investimentos entre 2008 e 2021 ficou um pouco acima da metade dessa cifra, o que indica que a meta provavelmente será alcançada somente por volta de 2040.
Oportunidades no Mercado de Títulos de Dívida
Com o retorno das emissões no mercado primário e a redução dos spreads, gestores de fundos estão analisando oportunidades em títulos de dívida corporativa de qualidade, que ainda oferecem retornos interessantes.
Embora os spreads tenham diminuído consideravelmente para debêntures com rating AAA, permanecem relativamente altos para papéis com rating AA e A.
Isso tem levado gestores a buscar oportunidades em ativos de maior risco, porém ainda dentro de padrões aceitáveis.
Emissões e Setores em Foco
Com a retomada das emissões no mercado primário, os investidores têm observado de perto as ofertas recentes de empresas como Taesa, Eletrobras e até mesmo empresas menos conhecidas, como a Enauta, do setor de exploração de petróleo.
Setores como logística, com empresas como Grupo JSL, Localiza e Grupo Unidas, também têm atraído a atenção, uma vez que essas empresas possuem ativos que podem ser vendidos e gerar liquidez, o que é vantajoso em momentos de necessidade de redução do endividamento.
Debêntures e Alternativas ao Mercado de Ações
As ofertas no mercado primário estão ganhando impulso, e algumas mudanças no cenário tributário, como a possibilidade de tributação de dividendos e o fim do pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP), estão levando empresas a considerar a emissão de debêntures em vez de ações.
Emitir dívida pode ser uma estratégia para manter mais dinheiro em caixa no balanço, o que ajuda a reduzir a base tributável, resultando em menor carga tributária. Isso pode incentivar as empresas a considerar a emissão de dívida como uma opção atraente para captar recursos.
Infraestrutura como Oportunidade de Investimento
Além disso, o governo federal lançou um programa de investimento em infraestrutura que prevê aportes significativos nos próximos anos.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) promete R$ 371 bilhões em investimentos públicos em quatro anos.
Esse plano deve impulsionar projetos de infraestrutura, incluindo a construção de rodovias e linhas de transmissão.
A expectativa é de que haja oportunidades tanto para fundos de infraestrutura quanto para emissões de debêntures incentivadas nesse setor.