Iniciar a conversa sobre educação no Brasil não é simples. Uma análise recente trouxe novas informações sobre como o país investe na formação de seus cidadãos em relação a outras nações.
O “Education at a Glance 2023”, um estudo renomado da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), revelou aspectos preocupantes e alguns insights sobre onde o Brasil precisa se focar.
Investimento por Estudante: Como o Brasil se Compara?
Primeiramente, o Brasil está aquém dos seus pares internacionais em termos de investimento por estudante. Em 2020, o país alocou US$ 4.306 para cada aluno, totalizando cerca de R$ 21,5 mil.
Contrastando com esse valor, os membros da OCDE desembolsaram uma média de US$ 11.560, o equivalente a R$ 57,8 mil. Estas cifras abrangem desde o ensino básico até o nível superior.
Tendências de Investimento: O Impacto da Pandemia
Ao observar as tendências recentes, descobrimos que o investimento educacional no Brasil sofreu uma diminuição entre 2019 e 2020. Por outro lado, a média dos países da OCDE viu um crescimento, ainda que modesto, de 2,1% durante o mesmo período.
Curiosamente, enquanto a despesa total da OCDE para todos os serviços cresceu 9,5%, no Brasil, houve um aumento de apenas 8,9%.
E, mesmo nesse cenário, os gastos com educação no país caíram acentuadamente em 10,5%. Muitos apontam a pandemia de covid-19 como um possível catalisador dessa mudança.
A Necessidade de Financiamento Adequado
A mensagem é clara no relatório da OCDE: “O financiamento adequado é uma condição prévia para proporcionar uma educação de alta qualidade”.
Quando olhamos para o Produto Interno Bruto (PIB), percebemos que a maioria dos países da OCDE destina entre 3% e 4% para a educação básica e média. No entanto, a porcentagem exata de investimento do Brasil permanece uma incógnita nesta edição.
Variabilidade entre Países da OCDE
Há uma notável diversidade no gasto por aluno entre os países da OCDE. Enquanto nações como Colômbia, México e Turquia investem menos de US$ 5 mil por estudante anualmente, Luxemburgo desembolsa quase US$ 25 mil.
O Compromisso Nacional com a Educação
O Brasil tem metas claras estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Segundo este plano, o Brasil deveria investir, até 2024, pelo menos 10% do PIB em educação.
No entanto, os números recentes, especialmente os de 2022, mostram um investimento de apenas 5,5% do PIB, indicando um significativo desvio do caminho estabelecido.
Valorizando Nossos Educadores
Uma seção vital do relatório da OCDE se concentra nos educadores. O estudo sublinha a importância de salários justos para atrair e manter talentos no campo da educação.
No entanto, muitos países da OCDE enfrentam um déficit de professores, em parte devido à falta de remuneração competitiva.
No Brasil, a questão salarial dos professores também é uma preocupação. O PNE estabeleceu que os salários dos educadores deveriam ser equiparados aos de profissionais com formação similar até 2020. Mas, de acordo com os dados de 2022, ainda existe uma disparidade.
Sobre o “Education at a Glance”
A fonte desses insights, o “Education at a Glance”, é um compêndio abrangente sobre a educação global.
Além de abordar os padrões educacionais, a edição de 2023 se concentra na formação profissional e até mesmo na integração de refugiados ucranianos nos sistemas educacionais dos países da OCDE.