Nos últimos tempos, os pomares brasileiros foram duramente atingidos pelo greening, uma das doenças mais prejudiciais à citricultura mundial.
Isso tem um efeito profundo na produção e exportação brasileira de suco de laranja, já que o país domina o mercado global. Esta ameaça emergente surge justamente quando os preços do suco de laranja atingem máximos históricos.
Projeções sombrias para a principal fonte mundial de suco
O Brasil, que alimenta a sede global de suco de laranja, contribuindo com três quintos do consumo total, enfrenta uma perspectiva sombria.
Se as piores estimativas do avanço do greening se concretizarem, a produção brasileira poderá cair cerca de 25% em uma década, chegando a apenas 235 milhões de caixas de 40,8 kg.
E, de acordo com projeções da Agriplanning e do Grupo de Consultores em Citrus (Gconci), até mesmo com boas condições climáticas, a próxima safra poderá enfrentar este grande impacto.
O cenário a curto prazo
Dentro de um horizonte de cinco anos, a produção no cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais poderá ver uma redução de 12%.
Mauricio Mendes, especialista da Agriplanning e membro do Gconci, alerta: “Mesmo com condições climáticas favoráveis, em cinco anos, a produção pode ser de apenas 271 milhões de caixas”.
O flagelo do greening
O greening, transmitido pelo inseto psilídeo, tem efeitos devastadores nas laranjeiras. Árvores acometidas por essa bactéria veem sua produtividade despencar, chegando a produzir 60% menos do que uma árvore saudável, conforme estudos do Fundecitrus.
E, enquanto árvores maduras têm uma resistência relativa, as mais jovens podem ser completamente overtaken em apenas dois anos.
Estratégias de combate e os desafios que se apresentam
O desafio de enfrentar o greening continua sendo uma tarefa hercúlea para a citricultura. Enquanto uma grande parcela dos agricultores toma a difícil decisão de eliminar seus pomares na tentativa de erradicar a doença, muitos persistem na luta direta contra o psilídeo.
Este inseto, contudo, tem apresentado uma resistência notável, uma situação exacerbada pelo uso impróprio e frequente de inseticidas.
A magnitude deste problema é evidente: já se estima que a doença tenha se espalhado por impressionantes 38% da área total de cultivo de cítricos, conforme destacado em estudos recentes do Fundecitrus.
O chamado à ação
Renato Bassanezi, pesquisador do Fundecitrus, ressalta a urgência da situação: “É crucial que os produtores adotem as medidas recomendadas para combater o psilídeo corretamente”.
E com a perda recente de quase 22 milhões de caixas de laranja devido à queda prematura causada pelo greening, a necessidade de uma resposta eficaz é mais importante do que nunca.