Operadoras de saúde e seguradoras têm anunciado, nas últimas semanas, aumentos de preços para os planos de saúde PME, destinados a empresas com menos de 30 funcionários. Esses reajustes serão implementados de maio de 2023 a abril de 2024.
O Itaú BBA observou uma aceleração consistente nos aumentos de preço em comparação com o ano anterior. Além disso, a Hapvida Assistência Médica, que é a principal operadora da Hapvida HAPV3 para as regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste e interior de São Paulo, anunciou um aumento de preços PME de 19,9%.
Além disso, a Hapvida, que agora controla a NotreDame Intermédica, elevou os preços dessa operadora em 21,9%. De forma semelhante, as seguradoras de saúde Bradesco Saúde e SulAmérica, sendo esta última controlada pela Rede D’Or (RDOR3), também comunicaram aumentos significativos.
A Bradesco Saúde registrou um aumento de 23,8%, enquanto a SulAmérica anunciou um aumento de 24,8%.
Perspectivas de rentabilidade
Os analistas do BBA enfatizam a abordagem adotada pela maioria das operadoras e seguradoras, que está focada na reconstrução da rentabilidade devido à deterioração da sinistralidade e geração de fluxo de caixa.
Eles observam que até mesmo as cooperativas médicas, como as Unimeds, estão implementando aumentos de preços mais significativos em comparação com o ano anterior.
Embora reconheçam que esses aumentos de preços sejam uma tendência na indústria como um todo, os analistas consideram isso como um bom sinal para os reajustes nos demais contratos empresariais e, consequentemente, como um indício inicial de uma concorrência mais racional.
No entanto, eles alertam para a possibilidade de uma queda na base de beneficiários do setor, uma vez que os aumentos de preços anunciados provavelmente tornarão os planos menos acessíveis. Apesar desse cenário, os analistas avaliam de forma positiva a situação geral para o setor de saúde brasileiro, incluindo a Hapvida.
Aumentos de preços nos planos PME e sua importância estratégica
Segundo o Bradesco BBI, as PMEs têm um papel relevante nos aumentos de preços anunciados pelas operadoras de saúde e seguradoras. Elas representam 32% da receita da SulAmérica e 12% da Hapvida, mas se considerarmos contratos com até 100 vidas, esse número chega a 25% para a Hapvida, de acordo com a empresa.
Os analistas apresentam uma visão mista a positiva em relação aos aumentos de preços anunciados. Eles estimam um aumento consolidado de cerca de 20% para a SulAmérica e 14% para a Hapvida de maio de 2023 a abril de 2024, valores muito acima do IPCA, que é de cerca de 6%.
Os dados relacionados às PMEs confirmam a expectativa dos analistas de que os aumentos de preços serão maiores em 2023 em comparação com 2022, exceto nos planos individuais, devido à contínua deterioração da sinistralidade médica em 2022.
Hapvida e SulAmérica consideram essa perspectiva positiva, prevendo um impacto líquido positivo nas receitas, devido à resiliência do volume de planos de saúde.
No entanto, os analistas alertam que o aumento expressivo de preços pode prejudicar a acessibilidade e reduzir o crescimento da receita a longo prazo. Eles também avaliam que a Qualicorp pode ser negativamente afetada devido ao impacto na taxa de desistência.
O Bradesco BBI mantém uma recomendação de desempenho acima da média para a Hapvida e a Rede D’Or, enquanto tem uma recomendação neutra para a Qualicorp.