O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira esperar que o anúncio de seu indicado para substituir Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central possa “baixar a bola” do atual chefe da autoridade monetária, mas afirmou não ter pressa para essa decisão.
Em entrevista à Rádio Itatiaia, em Belo Horizonte, Lula voltou a criticar Campos Neto, afirmando que o presidente do BC enveredou por um caminho equivocado, e também elogiou o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, a quem chamou de “menino de ouro” que tem “todas as condições” de presidir a autarquia, embora tenha afirmado que não discutiu com ele sobre este assunto.
“Eu tenho que indicar o presidente do Banco Central, obviamente que eu não tenho pressa, o cidadão que está lá tem mandato até dezembro. Eu acho que ele (Campos Neto) enveredou por um caminho equivocado, não é esse o papel do Banco Central”, disse Lula, que tem criticado o presidente do BC pelo patamar dos juros no Brasil.
Lula disse que pretende fazer um “jogo combinado” com o Senado e o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao indicar um sucessor para Campos Neto, para que o nome seja rapidamente analisado e aprovado pelos senadores quando apresentado.
“Também não quero indicar a pessoa para ficar sendo alvo de tiroteio a vida inteira, é capaz de morrer antes de tomar posse… É indicar, votar e pronto, porque aí quem sabe a gente baixa a bola do outro, ele percebe que já tem sucessor”, afirmou.
Sobre Galípolo, que foi secretário-executivo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antes de ser indicado para a diretoria do BC por Lula, tornando-se um dos nomes mais cotados para suceder Campos Neto, o presidente disse que ele é “competentíssimo”.
“O Galípolo é um menino de ouro. Se tem um menino de ouro é o Galípolo. Competentíssimo, de uma honestidade ímpar. Então obviamente ele tem todas as condições de ser presidente do Banco Central, mas eu nunca conversei com ele, nunca falei com ele”, afirmou.
Lula também reclamou do modelo de autonomia do Banco Central, aprovado no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, e classificou como “absurdo” ganhar as eleições para então ter de governar por dois anos com um presidente do BC “indicado por um adversário, que pensa ideologicamente diferente de mim, que pensa economicamente diferente de mim”.
“E ainda antes de ele sair, ele vai apresentar uma estratégia para o ano seguinte, vai tentar apresentar as coisas para 2025. Ou seja, significa que eu vou ter um presidente do Banco Central quando? Quando terminar o meu mandato. Isso não é correto”, reclamou.
“O presidente da República é que vai para a rua, briga por voto, pede voto, é xingado, xinga. Ele ganha as eleições, ele tem que governar o país”, acrescentou.