A startup CRM&Bonus acaba de finalizar uma rodada de investimento de R$ 400 milhões, avaliando a empresa de giftback em R$ 2,2 bilhões após a captação — mais que o dobro do valor obtido em sua rodada anterior.
O investimento foi liderado pela Bond Capital, uma gestora de São Francisco fundada por Mary Meeker, em sua primeira incursão no mercado brasileiro.
Esse aporte representa um grande respaldo para a startup.Mary Meeker, reconhecida por seu trabalho como analista-chefe de tecnologia no Morgan Stanley nas décadas de 1990 e 2000, posteriormente se tornou investidora de capital de risco. Ela foi sócia da Kleiner Perkins — uma das pioneiras em venture capital no Vale do Silício — por oito anos antes de fundar a Bond em 2019.
A Bond foi uma das primeiras investidoras de empresas como Uber, Meta, Airbnb, Spotify e Stripe. Na América Latina, a gestora já havia realizado investimentos em empresas como dLocal, do Uruguai, e Kavak, do México.
Além da Bond Capital, participaram da rodada de investimento a Valor Capital, juntamente com Softbank, Riverwood e Igah Ventures — todos já investidores da CRM&Bonus, acompanhando a rodada de acordo com suas participações anteriores.
Essa captação acontece dois anos após a CRM&Bonus ter recebido seu primeiro aporte, no valor de R$ 280 milhões, depois de três anos de crescimento sustentado por recursos próprios.O CEO da CRM&Bonus, Alexandre Zolko, afirmou ao Brazil Journal que a empresa é lucrativa e não necessitaria de recursos adicionais para se manter.
“Contudo, neste semestre, tivemos de pagar o earnout das quatro aquisições que fizemos nos últimos anos, o que gerou um grande consumo de caixa”, explicou Zolko.Após quitar os earnouts, Zolko revelou que a empresa ainda manteve R$ 100 milhões do aporte anterior.
“Ainda tínhamos recursos significativos, mas decidimos reforçar nosso caixa para manter um pipeline aberto a novas oportunidades e investir nas duas novas verticais de crescimento que estamos desenvolvendo”, acrescentou.
Criada em 2018, a CRM&Bonus surgiu como um programa de giftback, substituindo os tradicionais cupons físicos de desconto por um sistema digital, no qual o varejista envia descontos via SMS aos clientes. Além disso, a empresa proporciona controle total ao varejista, permitindo a análise do impacto dos descontos na fidelização e nas vendas adicionais.
Nos últimos anos, a startup expandiu seus horizontes com duas novas verticais de crescimento. A primeira delas é o Vale Bônus, lançado em 2022, que já representa cerca de metade da receita da companhia.
Segundo Zolko, o Vale Bônus é uma moeda digital que pode ser trocada por descontos e benefícios em diversas marcas dentro do aplicativo da empresa, funcionando como um atrativo para novos clientes ou para incentivar ações específicas, como a migração de planos de telefonia.
A segunda vertical, lançada há alguns meses, é o CRM Ads, surgido a partir de um desafio proposto pelo CEO da Azul Linhas Aéreas, que buscava monetizar sua base de clientes.A solução encontrada pela CRM&Bonus foi utilizar uma das startups adquiridas, a BeCom, especializada em chatbots.
“Assim que o avião pousa, enviamos mensagens via WhatsApp por meio de chatbots aos passageiros, oferecendo cinco opções de promoções, como descontos em aluguel de carros, compras ou refeições. Quando o cliente escolhe uma das opções, isso gera um lead para a empresa parceira, que paga pela interação.
A receita é dividida igualmente entre nossa empresa e a Azul,” explicou Zolko.Com a solução ativa há cinco meses, Zolko apontou resultados animadores: 22% das pessoas que recebem as mensagens escolhem uma oferta e 15% das escolhas resultam em visitas às lojas para usufruir dos descontos.
“Acreditamos que, ao aplicarmos esse modelo em shoppings ou supermercados, a taxa de conversão poderá dobrar”, ressaltou Zolko. “O CRM Ads tem potencial para superar em tamanho as outras duas verticais combinadas.
“Parte do investimento captado será destinado à criação de uma plataforma self-service para o CRM Ads, possibilitando que agências de publicidade e equipes de marketing programem anúncios de forma rápida e automática.Zolko destacou que o objetivo é desenvolver uma plataforma competitiva em relação ao Google Ads e à Meta.
“Da mesma forma como o Google auxilia blogs e sites na monetização do tráfego, pretendemos permitir que qualquer empresa possa lucrar com seus dados.”Em 2021, a CRM&Bonus registrou um faturamento de R$ 115 milhões, com uma margem bruta de 75%. Para este ano, a previsão é quase dobrar o faturamento, alcançando R$ 220 milhões.
A meta de Zolko é manter esse ritmo nos próximos anos. “Em dois ou três anos, podemos nos tornar uma empresa com faturamento de R$ 1 bilhão somente no Brasil, com uma margem EBITDA de 50%,” afirmou. “Por isso, no momento, não estamos focando em expandir internacionalmente, já que vemos um grande potencial de crescimento no mercado brasileiro.”