O dólar continua em forte alta e caminhava para renovar seu maior valor do ano na manhã desta segunda-feira (15), após novos dados de varejo que mostraram força da economia americana e em meio ao aumento da tensão no Oriente Médio.
Na máxima do dia, a moeda americana atingiu os R$ 5,191. Após ter começado o dia em leve queda —que operadores haviam associado a movimento de realização de lucros após salto na semana passada—, a moeda americana reverteu as perdas depois que dados mostraram alta bem mais intensa do que o esperado nas vendas no varejo dos Estados Unidos em março, em mais uma evidência de que a economia encerrou o primeiro trimestre em terreno sólido.
As vendas no varejo norte-americano aumentaram 0,7% no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 0,3%.Os novos números desencadearam nova alta dos títulos do Tesouro americano, causando um salto no dólar.
No Oriente Médio, centenas de drones e mísseis lançados de forma inédita pelo Irã de seu próprio território em direção a Israel avançou mais um passo na disputa maior na região entre Tel Aviv e o autodenominado “Eixo da Resistência” —grupo de atores liderados por Teerã que se opõem ao Estado judeu, entre eles o Hamas na Faixa de Gaza.
Em momentos de conflito, investidores tendem a apostar em ativos de maior segurança, como é o caso do dólar, o que também beneficia a moeda americana.A expectativa era que o conflito também causasse choques nos preços do petróleo, o que não ocorreu. Nesta manhã, petróleo Brent, referência internacional, caiu 1% para US$ 89,52 por barril. O West Texas Intermediate, referência dos EUA, caiu 1,2% para US$ 84,63 por barril.
Os mercados de ações também tiveram reações contidas.Na Bolsa brasileira, o Ibovespa oscilava, impactado pela subida dos títulos americanos, mas impulsionada por forte alta da Vale.No cenário interno, a Folha noticiou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai propor uma meta fiscal zero para 2025. O objetivo sinaliza uma flexibilização na trajetória fiscal do país, dado que o compromisso antes era entregar um superávit de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano que vem.
Na prática, o Executivo indica ainda a possibilidade de novo déficit no ano que vem, já que a meta conta com uma margem de tolerância de 0,25% do PIB para mais ou menos.Às 10h45, o dólar subia 0,95%, cotado a R$ 5,170, enquanto o Ibovespa subia 0,22%, aos 126.229 pontos. Na última sexta (12), o dólar subiu 0,61%, em sua terceira sessão consecutiva de valorização, e fechou o dia cotado a R$ 5,121, renovando seu maior valor desde outubro do ano passado, com as perspectivas de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos. No acumulado da semana, o avanço foi de 1,11%, o mais intenso desde janeiro.
O principal motivo para o salto recente da divisa continua sendo os dados recentes de inflação nos Estados Unidos, que enterraram apostas de queda de juros no país neste semestre.A perspectiva de juros mais altos nos EUA beneficia o dólar pois aumenta a rentabilidade da renda fixa americana, atraindo recursos para o país e penalizando mercados de maior risco, como o Brasil.
A Bolsa brasileira também foi penalizada e passou a registrou queda, pressionada pelo setor financeiro. O Ibovespa recuou 1,13%, terminando o dia aos 125.946 pontos, o nível mais baixo do ano.
Com Reuters